Uma idosa de 69 anos denunciou à Polícia Civil um golpe da falsa revisão de aposentadoria. Ela diz ter sido vítima da Associação Brasileira de Apoio a Aposentados Pensionistas e Servidores Públicos (ASBP) que, segundo ela, teria sacado mais de R$ 6 mil da conta bancária dela, sem autorização.
A aposentada, Delcina Rosa dos Santos, esteve com a nora, a atendente Jéssica Paloma Tito Batista, de 26, registrando queixa na Central de Flagrantes da Polícia Civil 2 (Ceflan da rua Conselheiro Rocha, no bairro Floresta, região Leste) contra a associação que, segundo a aposentada, enviou uma carta para a residência dela, em dezembro do ano passado, dizendo que ela teria direito a revisão dos valores da aposentadoria e que ela iria receber um valor maior do que o atual..
A aposentada disse ter ido ao endereço da associação e foi “persuadida” a deixar com eles os dados do seu cartão de beneficio, sendo que a entidade, segundo a denúncia, está retirando da conta bancária valores não autorizados por ela.
Delcina disse ter retornado ao local para reaver o dinheiro, mas a associação negou o ressarcimento. Ela, então, acionou a Policia Militar (PM) e pediu providências à Polícia Civil.
“Quando eu cheguei lá, eles falaram assim: ‘o seu dinheiro vai aumentar. Quando você for pegar seu dinheiro vai estar em R$ 1 mil’. Passou um tempo, no mês passado, eles falaram assim: ‘Olha, o seu benefício, sua indenização saiu’. Pediram para eu assinar mais papeis, um monte de papeis. A minha neta falou: ‘olha, vocês não vão tirar mais dinheiro dela, não, né?’ Eles disseram que não, que era só quando o outro dinheiro caísse na conta. Quando a fatura chegou, eles já tinham tirado o dinheiro. No banco não tem mais dinheiro meu, não tem nada. Essa semana, eu peguei só um pouquinho que tinha lá para pagar as contas e fiquei sem dinheiro. A minha nora ficou brava e brigou com eles, lá. Falou um monte de coisas. Aí, chamaram a polícia e eles mandaram a gente registrar boletim de ocorrência”, conta a aposentada.
A nora da aposentada reclama que a revisão da aposentadoria não chegou a ser feita. “Eles pegaram um cartão e passaram dez parcelas de R$ 190, dez de R$ 300 e dez de R$ 63, que no total dá um valor de R$ 6.128, e prometendo que o dinheiro iria cair para ela, só que nunca caiu. Eles só foram tirando, sem a permissão dela e ela não estava sabendo que eles estavam sacando o dinheiro dela”, denuncia a nora da vítima.
Jéssica conta que procurou o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e eles disseram que houve fraude. “Disseram que quem pode fazer isso é só o INSS. Procurei o banco e o banco também falou que isso é uma fraude. Eu bloquei o cartão dela e fiz outro pedido de novo cartão, com outra numeração, senão eles iriam continuar usando o cartão dela e chamei a polícia e fiz o boletim de ocorrência”, disse a nora da aposentada. “Fui lá na associação e parei todos os idosos que chegavam lá e falei para não assinarem nada, senão iriam roubá-los também. A aposentadoria da minha sogra é de R$ 937 e ela não está recebendo nada”, reagiu a atendente.
A aposentada disse que vai precisar tomar dinheiro emprestado do banco para quitar suas dívidas. Ela conta que depende do dinheiro para tudo e para sustentar a neta que mora com ela. “Quebrei minha mão no ano retrasado e fica difícil voltar a trabalhar. Eu já me aposentei para não pegar mais no pesado. Eu trabalhei desde novinha, desde os 6 anos. Só Deus, né?”, reclama Delcina. A Polícia Civil informou que a denúncia foi encaminhada para a 4ª Delegacia do Centro e que o caso já está sendo apurado.
RESPOSTA
A Associação Brasileira de Apoio a Aposentados Pensionistas informou que a Delcina é uma das suas associadas e negou as acusações. “Esta mesma senhora, ressaltamos aqui, pagou por um título associativo para utilizar todos os benefícios que assim desejasse, bem como a Assessoria Jurídica – que requer uma série de formalidades documentais para análise e posicionamento concreto acerca dos direitos de seus associados. Quanto à acusação de não devolução dos valores pagos a título da adesão ao quadro associativo, asseguramos que existe um prazo contratual de sete dias úteis contados da data da adesão para a devolução ou estorno dos valores pagos pelo Associado”, informou a ASBP, que disse aguardar o comparecimento da aposentada para desfazer qualquer mal-entendido.