Um em cada três adultos no mundo não pratica atividade física suficiente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, a situação é ainda mais grave. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2015), conduzida pelo IBGE, 123 milhões de pessoas não praticam nenhuma atividade física e, pasmem, 91,3 milhões nunca fizeram atividade física na vida adulta.
Das pessoas que não se exercitam, 38% alegam falta de tempo; já 35% disseram não gostar ou não querer fazer nenhuma atividade.
Essa situação extrema eleva o risco iminente de doenças crônicas não transmissíveis, como disfunções cardiovasculares, incidências de câncer, aumento do diabetes e doenças respiratórias permanentes.
Aproximadamente, 3,2 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência da inatividade física. Esse fato configura uma mudança nas cargas de doenças e se apresenta como um novo desafio para os gestores de saúde.
O termo “atividade física” não deve ser confundido com “exercício”. A OMS define a primeira como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requeiram gasto de energia -incluindo as praticadas durante o trabalho, tarefas domésticas e até nos momentos de lazer. O exercício é uma subcategoria da atividade física, sendo um ato planejado e repetitivo.
Um estudo publicado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) avaliou o custo de internações por doenças crônicas não transmissíveis atribuíveis à inatividade física.
Com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), foram realizadas 974.641 internações hospitalares por sete causas de alto custo: neoplasia maligna de cólon e de mama, doenças cerebrovasculares, doenças isquêmicas do coração, hipertensão, diabetes e osteoporose. Estas internações custaram US$ 695,6 milhões.
Os benefícios decorrentes da atividade física são amplamente divulgados. Observa-se, contudo, um baixo percentual de adultos fisicamente ativos no Brasil.
Inquérito populacional com homens e mulheres de todas as capitais do país mostrou que apenas 33,5% deles atingiram o nível recomendado -60 minutos, por dia, para crianças e adolescentes, e 150 minutos para adultos maiores de 18 anos, por semana.
Em 2013, os países membros da OMS se comprometeram a reduzir a inatividade física em 10%. Políticas e planos nesse sentido têm sido desenvolvidos em cerca de 80% das nações que integram a organização, embora estejam em operação em apenas 56%.
No Hospital Albert Einstein, contamos com uma série de condutas que estimulam a prática de uma vida saudável. Recentemente foi lançado o Programa Superação Einstein, que fornece intervenções motivacionais e aparato técnico para que a pessoa se torne gestora da sua própria saúde, no sentido da adoção de equilíbrio de vida e adesão positiva às práticas de bem-estar.
A inatividade física impacta significativamente o número de internações hospitalares. Faz-se necessário um maior investimento em estratégias de intervenção que busquem reverter esse quadro.
Isso traria um duplo efeito altamente benéfico: a queda expressiva dos gastos do SUS e a melhora da qualidade de vida da população brasileira.
SIDNEY KLAJNER, mestre em cirurgia do aparelho digestivo, é presidente do Hospital Israelita Albert Einstein