O incêndio de grandes proporções que atingiu dois ferros-velhos no bairro Morada Nova, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, nesta sexta-feira (7) foi causado por uma queima de lixo feita pelos próprios funcionários do local. O fato foi relatado por um dos proprietários ao Corpo de Bombeiros. Ninguém se feriu, mas um cachorro que estava na propriedade precisou ser resgatado por moradores e não teve qualquer tipo de ferimento. Me um dos terrenos também funcionava um depósito de materiais recicláveis.
De acordo com o tenente da corporação, Daniel Lipovetsky, os funcionários estariam fazendo uma limpeza do terreno e botaram fogo em um amontoado de materiais, prática que não é recomendada pelo Corpo de Bombeiros. “Os funcionários estavam fazendo essa limpeza e iniciou-se esse incêndio. As nossas ações basicamente foi de controlar o incêndio para não atingir as residências nem em um lote vago próximo. A nossa dificuldade foi a grande quantidade de material reciclável que serve de combustível para o incêndio”, explicou.
No trabalho, foram utilizadas duas retroescavadeiras para revirar os materiais e identificar possíveis focos de incêndio. Energia foi cortada e os moradores de 20 residências do bairro foram retirados de suas casas de forma preventiva durante os trabalhos de combate ao incêndio.
De acordo com a Defesa Civil Municipal de Contagem, as chamas não atingiram nenhuma casa, mas danos a vidros e outros equipamentos como antenas parabólicas devido ao calor foram registrados.
“Nós tivemos duas ou três residências que tiveram algum dano, mas dano mínimo. Apenas uma que teve um dano um pouco maior que foi na janela, um desprendimento de reboco e também no ar condicionado. As demais foram danos mínimos estruturais”, explicou a coordenadora da Defesa Civil de Contagem, Elizabeth Ibrahim.
Após os trabalhos de rescaldo e eliminação dos focos de incêndio, a Defesa Civil municipal realizou a interdição total dos dois ferros-velhos. Isso porque os proprietários não apresentaram a licença para funcionamento das atividades. O órgão informou que eles só poderão voltar a funcionar quando a situação for regularizada junto à prefeitura.
Susto
O incêndio teve início ainda na manhã desta sexta-feira e assustou os moradores das redondezas. A autônoma Vanda Maria, 54, disse que estava na casa de uma tia, quando elas perceberam a grande fumaça que se formou no incêndio.
“Quando eu olhei pro céu aquele tanto de fumaça. Falei com minha tia pra gente ir lá socorrer o pessoal e ajudar a apagar o fogo. Quando chegamos o fogo já tinha tomado conta, não tinha muito o que fazer. Todo mundo apavorado, chamando o Corpo de Bombeiros. Parecia o fim do mundo, o céu todo preto”, conta.
Ela ainda se diz feliz que ninguém se feriu, mas lamenta pelos donos dos ferros-velhos que, segundo ela, são muito trabalhadores.“Eu fiquei com dó, as máquinas caras deles ficaram queimadas. São trabalhadores demais da conta. Com essa pandemia ainda acontece isso. É o único jeito deles de salvarem o pão de cada dia e agora queimou tudo”. Lamenta.
Cachorro
Ao perceber o incêndio, o estudante Wellington Pereira dos Santos, 28, correu para a área dos ferros-velhos para tentar ajudar a conter as chamas. Ao chegar ao local, ele avistou o cachorro dos donos da propriedade. “A minha primeira reação foi salvar ele. O cachorro estava bem, mas perto da área do fogo. Peguei ele e saí. Ele está bem e já na casa do proprietário que fica bem perto do ferro velho”, explicou.
Perca de renda
O incêndio também prejudicou a renda da catadora de materiais recicláveis Maria Aparecida da Silva, 44. Moradora do bairro há dez anos, ela conta que exerce a profissão de doméstica, mas para complementar a renda, também vendia materiais recicláveis no local.
“É muito triste porque a gente perde muito e pra recomeçar não é fácil. Tinha dinheiro meu aí também. Eu recebia por semana, pelos materiais recicláveis, cerca de R$ 300 a R$ 400 que vão fazer muita falta”, explica.
Com menos R$ 1.200 mensais na renda por conta do incêndio, ela diz que vai ter que tentar conseguir mais clientes para atuar como doméstica.
“Estou comprando um monte de medicamentos. Eu trabalho como doméstica eu vou tentar pegar mais serviços porque eu também tenho aluguel para pagar. Eu ainda tenho que comer, comprar remédio e cuidar de uma neta que crio”, afirma.
Outro incêndio
Um segundo incêndio, de menor proporção também foi registrado no bairro Cincão, em Contagem. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as chamas atingiram a vegetação de um lote vago na avenida Apoio Cardoso, na altura no número 105. Um viatura autou no local com o uso de abafadores e de 2.000 litros de água.
Ainda segundo a corporação, as chamas foram controladas e ninguém se feriu.