O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) iniciou neste domingo (17) a apuração das causas da queda do helicóptero em Espírito Santo do Dourado, no Sul de Minas, na noite do último sábado. O acidente matou o CEO do grupo de mineração Bauminas, Márcio Bissoli, e o piloto Luiz Gustavo Araújo Soares.
Técnicos do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III) chegaram ao local da ocorrência na tarde de domingo. O trabalho da equipe consiste em coletar dados, fotografar cenas, analisar partes da aeronave, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que observaram a sequência de eventos. A Regional Pouso Alegre da Polícia Civil também vai investigar o caso.
Até a noite de domingo, os corpos das vítimas não haviam sido encontrados. O Corpo de Bombeiros informou que iniciou a remoção das peças maiores, como os dois motores, o rotor principal e parte do painel.
“Pela disposição dos destroços, os militares acreditam que a aeronave chocou-se frontalmente na montanha, abrindo uma cratera, e que as vítimas podem estar embaixo das ferragens”, afirmou o tenente Pedro Aihara. Segundo ele, as buscas serão retomadas nesta segunda-feira (18), às 7h. “A aeronave foi completamente consumida pelas chamas. A confirmação da morte das duas vítimas ocorreu pelo contexto da ocorrência, no qual é nula a possibilidade de sobrevivência”, completou.
A mulher do piloto, Juliana Hipólito, esteve no local na manhã de domingo e disse aos bombeiros que imagens de câmeras do heliponto de Nova Lima, na região metropolitana, de onde o helicóptero decolou, indicam que apenas duas pessoas embarcaram.
O helicóptero, do modelo AI09S, da fabricante Augusta, caiu em um barranco às margens da MG–179, na zona rural de Espírito Santo do Dourado. A aeronave pertence a Bauminas e seguiria para Congonhas, em São Paulo. Antes da queda, o piloto teria feito contato informando problemas mecânicos e dificuldade para pouso. (Com Dayse Aguiar)
Bissoli ia assistir a jogos da Copa em SP
Visionário: é assim que o empresário e cônsul do Chile, Alexandre Penido, define o amigo e sócio Márcio Bissoli. Segundo ele, o amigo tinha o costume de passar os fins de semana em São Paulo e estaria indo à cidade para assistir a jogos da Copa do Mundo com amigos.
“Ele sabia dosar o que tinha de conquista profissional com a vida pessoal, não era aquela pessoa que vivia apenas para os trabalho”, contou Penido. “Fomos sócios durante oito anos, e a nossa sociedade foi fantástica. Com todas as adversidades, ele sempre resolvia tudo com elegância. Era de fácil convívio, muito estrategista”, disse o amigo. Segundo Penido, Bissoli era “de bem com a vida”. “Era uma pessoa que cuidava muito da saúde e vivia intensamente”.
Atingido
Pipa. A linha de uma pipa atingiu um helicóptero do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, na última sexta-feira, no aeroporto da Pampulha, e danificou uma peça, deixando um prejuízo de R$ 150 mil.
Empresário
Perfil. Márcio Barbosa Silva Bissoli nasceu em Cataguases, na Zona da Mata, e tinha 50 anos. Ele era separado e deixou um filho já adulto. Bissoli era formado em engenharia química e morava atualmente no bairro Belvedere, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Legado. Bissoli era sócio de pelo menos 18 empresas localizadas nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Bahia, a maioria delas no território mineiro. Pelo menos dez empresas fazem parte do grupo de mineração Bauminas, onde ele era diretor-executivo. Bissoli também era sócio do empresário e cônsul do Chile, Alexandre Elias Penido, na MPA, empresa proprietária do empreendimento imobiliário de luxo Escarpas Internacional, no município de Guapé, no Sul de Minas.
Piloto
Perfil. Luiz Gustavo Araújo Soares nasceu em Belo Horizonte e estudou segurança de voo e aeronavegabilidade continuada, no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em São José dos Campos (SP). Soares atuava como comandante de aviação executiva desde 2011. Ele tinha 39 anos e era casado.
Legado. A Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero afirmou, em nota de pesar, que Soares era “bastante admirado entre a comunidade aeronáutica pela sua proatividade, responsabilidade e índole”. Segundo a entidade, em quase duas décadas como piloto de helicóptero, “ele sempre se manteve fiel às doutrinas de segurança e procurava disseminá-las junto aos pilotos mais jovens”. Ele estava trabalhando na organização do 1º Encontro Asas Rotativas, previsto para o próximo dia 28, em BH.