A Fiat Chrysler Automóveis (FCA) anunciou, recentemente, grandes investimentos para a América Latina. Para se ter uma ideia, até o ano de 2022, pelo menos 25 produtos deverão ser lançados. Em entrevista coletiva realizada no dia 25 de junho (segunda-feira), Antonio Filosa, presidente da FCA para a América Latina, falou mais a respeito das ações da empresa, destacou números e revelou algumas das estratégias de crescimento da organização, inclusive mencionando o que é possível esperar de carros que vêm por aí. Acompanhe.
A FCA anunciou um investimento de R$ 14 bilhões na América Latina, de 2018 a 2022. Quanto será destinado à fábrica em Betim?* Estamos afinando a locação industrial e os investimentos em tecnologia. Eu explico por quê: você pode gastar R$ 14 bilhões, ou o que seja, fazendo fábricas novas ou melhorando a oportunidade das fábricas existentes. Você pode industrializar um projeto investindo no emprego da tecnologia ou em tudo da parte manual, do business etc., etc. Esses parâmetros nós estamos afinando. Não queremos somente entregar carros novos, mas carros de altíssima qualidade, associados a um nível de emprego muito alto para a região, inserindo conteúdos inovadores. Vamos colocar motores novos, transmissores novos e elementos de conectividade. Estamos compondo esse quebra-cabeça.
Isso vai gerar muitos empregos? Trabalham com algum número? Os números estão sendo afinados, porque dependem de que tipo de linha vamos colocar na fábrica. Claramente, o mundo está indo para uma alta automação, que permite integrar toda utilidade, mas, sobretudo, qualidade. O que temos de muito importante em Minas é o capital humano. O mineiro é muito versátil, muito flexível, agrega rapidamente competências, se desafia todo dia, tem garra e disposição para o trabalho, atua em equipe. O capital humano que temos aqui é algo a ser considerado quando se define um layout industrial. Não podemos nos esquecer de que Minas tem nos dado muito, e nós temos tentado devolver. Dessa equação, tem saído a melhor equipe industrial do mundo na FCA. Não estou falando isso por falar. Meu professor dizia isso, e nosso presidente mundial muitas vezes diz. Mais atitude é um consenso na América do Norte, por exemplo, assim como pode haver mais criatividade e imaginação de design sobretudo na Itália, mas, quando se fala de arregaçar as mangas e fazer um trabalho integrado, temos um dos benchmarkings mundiais.
Quais os diferenciais da FCA? A força dos brands. Toda marca nossa tem um DNA muito forte. Todo mundo gostaria de ter um (Jeep) Compass, um (Jeep) Renegade, uma Fiat Strada, porque são best-sellers. O que destaco também são nossas pessoas. Somos campeões em escolher pessoas de grande projeção e desenvolvê-las.
Qual a visão estratégica da empresa em relação a atrair os jovens? Este é o carro desejado pelo jovem (mostra um telefone celular): um smartphone, com quatro rodas, um motor. Isso é que nós vamos dar para eles. Vamos dar vários carros. Vamos enchê-los de tecnologia embutida para que eles possam se comunicar com a vida do jovem, do meio jovem, do adulto, para se comunicar com a casa, para pagar bancos, para ligar para o filho, para se comunicar com a escola, que também se comunicará com o carro. Vamos investir em tecnologias de eficiência energética que permitam a esse objeto, que transporta famílias, a ser competitivo, limpo para o meio ambiente e conectado.
Sobre os carros autônomos, o que você tem a dizer? Eu andei em um carro autônomo, um L4, produzido pela FCA com o Waymo, do Google. Existem seis níveis de autonomia: L0, que é o carro que você conhece, L1, L2, L3, L4 e L5. O L5 não tem mais volante, é um carro que é um “quarto” que anda, tem cadeira totalmente giratória; você pode dar as costas para o para-brisa e falar com as pessoas. O L4 depende da conectividade da área: onde não pega celular, o carro não pega, aí precisa utilizar o volante. Temos algumas centenas deles em teste no trânsito, no Arizona, no Texas e na Califórnia, nos Estados Unidos. Eles andam, andam mesmo, é muito bacana, é incrível. Eles existem, mas não são econômicos, hoje, para a produção. Agora, o carro mais autônomo no Brasil é o Jeep Compass. Nós temos uma versão dele que, se você sai de Brasília e quer chegar a São Paulo, você informa a velocidade média que quer desenvolver, e o carro anda, acelera, desacelera, freia quando tem que frear, sai da trajetória quando um cachorro cruza o caminho. Isso nós já temos aqui. É o L1. Por que L1? Porque é um carro que acelera, desacelera, controla o entorno, mas não passa de faixa. Ele não faz uma passagem. Para fazer a passagem, é L2.
A respeito do mercado externo, quanto e para quais países a Fiat exporta? Nós, neste ano, vamos exportar mais de 100 mil carros para a Argentina e algumas dezenas de milhares (estamos fechando os números) para os demais países da América Latina. E, no futuro, queremos crescer. Nós também importamos, como o Cronos da Argentina, por exemplo, em grande número, e importamos pequenas produções de outras partes do mundo. Mas somos mais exportadores do que importadores.
Qual a posição da Fiat, hoje, no ranking de veículos? Hoje, a FCA é líder no Brasil. Não foi líder em janeiro, em fevereiro, acho que em março passou, e, em abril e maio, se consolidou. Hoje, estamos com 17,4% de mercado como FCA, e a segunda colocada está com 17%. Nessa liderança, a Fiat é a terceira, chegando a quase 15%. Jeep cresceu bastante. Por exemplo, em maio, passou 5%.
*Em evento na última sexta-feira (6), Filosa anunciou que o investimento na planta de Betim será de R$ 8 bilhões para os próximos seis anos. O montante representa 57% do total de investimentos da empresa na América Latina. Cerca de 8 mil novos postos de trabalho devem ser gerados.