A divulgação de um novo empreendimento na Pampulha, em Belo Horizonte, com o nome Mercado Central do Mineirinho, a ser aberto no próximo ano, chamou atenção dos frequentadores do conhecido Mercado Central, localizado na avenida Augusto de Lima, que imaginaram que o da Pampulha seria uma filial. Mas não é! São concorrentes e, agora, disputarão também o nome. A administração do estabelecimento, que tem mais de 88 anos na capital com essa marca, não foi procurada pelos investidores, apenas pelo público que perguntava sobre a novidade.
O superintendente do Mercado Central, Luiz Carlos Braga, alegou que tem a marca registrada e que ela não pode ser usada pelo novo empreendimento. “Temos 16 formas de registros no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial): Mercado Central, Mercado Central de BH, Mercado Central de Belo Horizonte, Mercado Central dos Mineiros, Festival Gastronômico do Mercado Central. Falar Mercado Central remete a este (na avenida Augusto de Lima)”, defendeu Braga, ressaltando que o lugar é ponto turístico, gastronômico, cultural e referência na capital mineira há cerca de nove décadas. “Recebemos aqui 1,3 milhão de visitantes por mês, somos 493 associados, temos uma identidade forte com esse nome. Esse novo mercado veio logo depois que a gente foi eleito pelos moradores ‘A Cara de BH’ e ninguém pediu autorização para usar a marca”, completou ele.
O grupo de sete empresários que programa a abertura do mercado no Mineirinho em abril de 2018 anunciou no aniversário de Belo Horizonte, no último dia 12, que serão 150 lojas em 7.000 metros quadrados, nos mesmos moldes do concorrente: “espaço de lazer, gastronomia e turismo” – um investimento de R$ 6 milhões. Na ocasião do lançamento, o superintendente do empreendimento, Dennison Coelho, informou que a ideia é levar “a oferta de produtos tradicionais e típicos da culinária mineira”.
Em conversa com a reportagem, nesse sábado (16), ele afirmou que não vai desistir do nome e tem o registro da marca: Mercado Central do Mineirinho. “A gente entende a posição, respeita, mas vamos prosseguir com o nome, registramos a marca também. Eles já nos procuraram e estamos abertos para conversar”, disse Coelho sem admitir, porém, a intenção de associar o novo mercado ao antigo e consolidado na cidade. Segundo ele, vários lugares no mundo usam esse nome “mercado central” para representar um local que congrega oferta de produtos e serviços.
Polêmica. Braga fala que “gerou confusão”, pois ele teve que esclarecer para muitas pessoas que não era a mesma coisa: “Recebi várias ligações”. Coelho diz que “prefere não polemizar”, mas achava natural que essa reação ocorresse “quando você chega com algo novo na cidade”, apesar do nome não ser tão novo assim. “Tem espaço para ele (o Mercado Central) e para a gente também”, argumentou Coelho.
A reunião entre os superintendentes dos dois “mercados centrais” está marcada para esta semana. O Mercado Central pretende acionar juridicamente se não houver consenso. “Tentaremos primeiro o diálogo. Não tem problema ter concorrente, só não pode usar o nosso nome. Eles podem usar a palavra Mercado, como tem o Mercado do Cruzeiro”, pontuou Braga, que se dispôs a ajudar o novo grupo repassando o modelo de gestão deles.
Mercado está entre os melhores
O Mercado Central de Belo Horizonte foi eleito o terceiro melhor mercado do mundo em 2016. Sua história começou há 117 anos, quase no início da capital mineira, como mercado municipal, localizado próximo a Rodoviária. Depois, ele mudou para a Augusto de Lima, onde está há 88 anos e é privado desde 1964. Há um projeto de expansão em andamento, em que serão feitos mais quatro andares, sendo um de área gourmet e os demais de estacionamento, para dobrar o número de vagas – hoje, são 420. “O projeto está bem adiantado, já foi feito o relatório de impacto de circulação”, afirmou Luiz Carlos Braga.
Concorrentes
Mercado Central do Mineirinho: 150 lojas / 7.000 metros quadrados / ocupará dois andares do estádio na Pampulha / venderá temperos, especiarias, frutas, queijos, doces, cachaças, carnes, peixes/ terá bares, restaurantes, área de lazer e espaço kids.
Foto do projeto: www.mercadocentraldomineirinho.com.br
Mercado Central de Belo Horizonte: 420 lojas / 24.000 metros quadrados / ocupa quatro quarteirões da área Central / vende produtos alimentícios variados, queijos, doce, artesanato, ervas, raízes, artigos religiosos / tem bares e restaurantes com comidas típicas mineiras e uma sessão de animais.