A secretária de educação e cultura de Capinópolis, Iracilda Duarte, destaca a preocupação com o ano letivo devido à pandemia do coronavírus, ressaltando que tudo é muito pensado e preparado em conjunto com a Superintendência de Educação visando encontrar a melhor maneira para se reiniciar as aulas que inicialmente deverá ser à distância.
Em entrevista à uma emissora de rádio local, Iracilda disse que o município segue as orientações de Belo Horizonte, da Secretaria de Estado da Educação, no entanto o próprio Governo de Minas não tem muito conhecimento sobre a pandemia.
“Infelizmente, nem o próprio governo mineiro tem segurança daquilo que nos passa, não é porque ele não visa a educação, é que cada região tem o seu diferencial e às vezes o que pensa em dar certo para uma região não dá certo para outra e vem aí os conflitos. Temos também o suporte do sindicato, que às vezes eles tomam uma decisão e o sindicato entra com uma liminar priorizando a saúde do povo, não que o governo de Minas não priorize, acho que posso falar que da mesma forma que a vacina está em experiência, a forma de retornar a educação, também está se tornando uma experiência, porque já pensamos em vários meios, quando a gente acha uma solução vem um empecilho, porque o mais importante agora não é o saber, é a saúde, é a vida de todas as nossas crianças e a vida também de todos os nossos funcionários. Nós temos um alto número de funcionários do grupo de risco, que não poderão voltar com aulas presenciais, nós sabemos que as crianças que vão para a escola, a resistência delas é grande, porém, elas podem transmitir o vírus para as pessoas mais idosas que estão em suas casas, ou em pessoas de risco, e nós estamos tentando trabalhar alinhados também com o Comitê de Enfrentamento da Covid-19, que tem feito um trabalho fantástico, haja vista os resultados de Capinópolis, graças ao trabalho de toda a equipe da saúde, da administração municipal e do próprio cidadão, que tem tido esse cuidado. Eu não posso falar que os cuidados são só de uma área, nós enquanto cidadãos, tendo o nosso cuidado, protegendo a nós e a nossa saúde e as pessoas que nos rodeiam, é que está tendo esse resultado em Capinópolis. Então, Valdair, está tudo muito incerto, mas eu acredito que em breve nós retornaremos com aulas online”.
“Nós estamos tendo várias webconferências com a Superintendência Regional de Ensino, em que cada uma traz uma novidade para nós e ainda continua na incerteza, mas eu falei com ela hoje (05/05), falei com o Lelei, do Juscelino, com a Roselena, do Colégio, porque a gente precisa alinhar, e falei também com a superintendente regional, onde disse que está na mesma. O que é estar na mesma? Uma proposta de retornar o mais breve possível, com aulas não presenciais, quando digo aulas não presenciais, os pais que ficam sabendo em seus lares já começam a se apavorar. Eu peço calma. Essas aulas presenciais, os pais não vão se tornar professores. Os pais vão fazer com que o vínculo família-escola não perca. Nós não vamos passar coisas difíceis dos pais acompanharem. É lógico que vão ter alguns que não vão ter condições, porque às vezes não têm leitura, às vezes não têm o equipamento das redes sociais em casa, não têm um computador. Nós vamos procurar atender as diferenças dessas famílias. Nós vamos ter o motorista que vai levar nas suas casas para as crianças que não têm acesso à internet, aos alunos da zona rural, com o tempo de levar e o tempo de buscar, o que a criança souber ela vai fazer, o que a criança não souber e os pais não puderem orientar, vai vir sem fazer, porque nós não podemos exigir das crianças e dos pais aquilo que eles não têm capacidade.
Os professores terão também um trabalho diferenciado. Eles vão ter que ter um gráfico do nível de conhecimento dos alunos. Todas as nossas escolas têm professor de reforço, professor de apoio, atendimento especializado e quando retornarmos presenciais, com certeza esse gráfico será levantado para a gente trabalhar essas dificuldades dos alunos. Nós não podemos fazer os pais virarem professores da noite para o dia. Nós temos, inclusive eu já li, pessoas que acreditam e pessoas que não acreditam, eu quero dizer para vocês que estão em casa, eu estou junto com vocês que acreditam e junto com vocês que não acreditam, em função dos filhos de vocês, que são as nossas joias, que com muito amor nós queremos ajudar a lapidar, mesmo nessa pandemia nós sabemos que podemos oferecer o mínimo para eles, mas esse vínculo escola-família nós não queremos que as crianças percam.
O que nós precisamos colocar na mente das crianças é que as redes sociais, a internet, o celular, oferecem o lado bom e o lado ruim, e nós precisamos tentar conscientizar essas crianças, de procurar o lado bom, o lado da pesquisa, o lado de uma leitura informativa, o lado de uma história, no lugar de ficar somente, por exemplo, no jogo. É claro que o jogo estimula a criança, ela aprende jogando, mas a criança não pode ficar no celular só jogando. Por exemplo, até agora era proibido o uso do celular na sala de aula, e não sei se quando voltarmos isso será proibido, quem sabe não será um novo meio de ensinar através da internet. Para isso nós temos que ver também se todos têm, nós precisamos trabalhar a inclusão, aliás, a gente trabalha a inclusão nas escolas, nós temos que ter esse cuidado de ter também atividades para aqueles que têm e para aqueles que não têm o celular. O professor enfrenta uma barreira muito grande nessa questão do limite, porque às vezes essa falta de limite vem do lar. Se os pais fizerem realmente a conscientização da criança do uso do celular, de quantas horas por dia ele pode utilizar o celular, o que ele está fazendo com o celular, nós já estaríamos lá na frente no mundo da pesquisa.
Ainda não houve demissão, mas nós estamos vivendo um momento delicado. O Cleidimar disse que vai segurar o quanto ele puder. Só que aí eu pergunto: até quando ele vai poder, porque as quedas de arrecadações estão muito grandes. Para você ver, o ICMS teve uma queda de R$400 mil esse mês. O que são 400 mil reais? É um percentual muito grande. O FUNDEB esse mês teve uma queda de R$176 mil. A minha folha é de mais de R$500 mil. Meio milhão, menos 176 mil, faz uma diferença muito grande, então ele me disse que vai segurar enquanto puder, só que ele vai querer esse limite também, porque vai chegar a um ponto de como ele, um administrador, vai prestar conta de tantos meses pagos sem trabalhar? Sabemos que é uma pandemia, mas na parte do Tribunal de Contas isso aí pode ser prejudicial para a administração municipal. Então o que eu falo para os nossos contratados? Que levem a vida, tipo, vou dar um exemplo: se quer comprar um sapato e dá para esperar, guarda o dinheiro, não compra o sapato agora não, porque a gente não sabe o que pode acontecer amanhã. Ele vai segurar o quanto ele puder e não sabemos até que dia, diante das quedas de arrecadações e do tempo incerto que estamos tendo.
Só que o que me preocupa é que algumas verbas vêm destinadas. Por exemplo, eu tenho o recurso carimbado, que eu não posso pagar folha de pessoal. Entendeu? Mesmo que eu tenha o dinheiro lá no banco, eu não tenho permissão para fazer isso, então a administração municipal tem tido muito trabalho. Ah, mas está vindo dinheiro demais! Está vindo dinheiro demais, mas muitas verbas são destinadas, o prefeito não pode desviar esse dinheiro de algo que vem para fazer outro, então requer muito critério no gasto de recursos federais e estaduais, porque eles vêm todos destinados. Você falou uma coisa muito certa, não pode desesperar, mas eu também não posso garantir que isso não vai acontecer. Não quero que isso aconteça, mas até quando podemos segurar a gente não sabe, inclusive, eu, enquanto professora que sou, eu estou secretária, mas sou professora, até dei uma sugestão para a Superintendência Regional, nós da secretaria demos a sugestão, de que a gente retornasse dia 1º de julho com aulas presenciais. Nós tiraríamos todos os recessos, tiraríamos a semana do saco cheio, que é uma resolução estadual que a gente segue, e iríamos até o último dia letivo de dezembro, daria 174 dias letivos. Para mim, professora, 174 dias com aulas presenciais é muito mais válido do que aulas EAD. Só que aí o que acontece? Quem garante que até julho a gente vai poder voltar? Diante da incerteza, para não perdermos vínculos com a criança vêm aí as aulas EAD, não presenciais.
Eu quero dizer para os pais o seguinte: Nós vamos reestruturar esse ano letivo 2020 da melhor maneira possível. Fazer um planejamento especial, para tentar trabalhar com eles a essência do português e da matemática, porque não adianta a gente ficar jogando muita coisa e o conhecimento ser menor. Eu sou uma professora que acredito muito que primeiro o aluno tem que saber ler e escrever e as quatro operações. Se souber isso, ele vai pra frente no seu conhecimento. Nós vamos fazer de tudo para que ele não perca a qualidade no pouco que o aluno vai aprender, não será um ano igual aos demais, com tamanha qualidade, mas nós vamos acreditar que vai dar certo. Com a dedicação de toda a minha equipe, eu sei que não vai ser fácil, pois é algo novo para eles também, mas nós vamos fazer algumas propostas para os pais de que eles tentem fazer, nós precisamos pelo menos tentar. Não se desesperar, às vezes alguma mãe vai falar assim: Mas, o meu filho está na Branca de Neve ou está na creche. O que eu posso fazer para essa criança? Ela não vai aprender nada! O que se ensina na creche e na educação infantil? Lateralidade, coordenação motora, brincadeira, contação de história, uma dança. Que pai, que mãe não dá conta de colocar uma musiquinha e assistir o seu filho dançar? Mão direita, mão esquerda, pra cima, pra baixo, pro lado, trabalhar números. Qualquer um de nós pode fazer isso com a nossa criança do CEMEI ou da Branca de Neve. O que precisamos? Reservar um pequeno tempo para isso, porque você não tem que ficar uma ou duas horas trabalhando isso com a sua criança, mas que você trabalhe 30 minutos com qualidade. Uma mãe pode estar lavando as vasilhas e dando um ditado para a sua criança que está sendo alfabetizada. Pode dar uma leiturinha e falar: Enquanto a mamãe faz o almoço, leia isso aqui para a mamãe. Então isso pode ser trabalhado. Não é fácil, mas também não é impossível. Eu quero levar para o fortalecimento de vínculos pais e filhos, fortalecimento de vínculos familiares. Vamos tirar proveito disso que está acontecendo no mundo. Quem sabe isso aí ser uma aproximação, de você conhecer melhor o seu filho, de você tentar dar uma assistência melhor para o seu filho, porque o seu filho está conosco (escola) 3, 4, 5 anos, mas ele será seu para a vida toda, eu sempre gosto de dizer isso.