Por Adriano Lira / Pequenas Empresas, Grandes Negócios
Um dos obstáculos mais comuns à abertura de um negócio é o medo de falir. Nada mais compreensível. Até porque fica difícil imaginar o que fazer caso, simplesmente, o dinheiro acabe. Os irmãos Luiz Felipe Costa, 28 anos, e Luiz Sérgio Costa, 27, passaram por isso há cinco anos. Anos depois, felizmente, o faturamento de seus empreendimentos é bem maior que as dívidas que tiveram. Mas uma lição ficou: não cometer os erros que levaram àquele fracasso.
Os dois são os criadores das redes Billy The Grill e Vizinhando. Só que o primeiro negócio dos dois foi outro: em 2009, eles abriram uma unidade de uma franquia paulista de restaurantes. Muito jovens e ainda ingênuos, acreditaram na oportunidade, mas se deram mal. O problema é que nenhum deles sabia gerenciar uma empresa e a franqueadora não oferecia suporte nenhum.
Luiz Felipe afirma que, em meio às dívidas, os irmãos passaram por péssimos momentos. O saldo negativo chegou a R$ 700 mil. Os dois moravam na zona norte do Rio de Janeiro. Para chegar à unidade, que ficava na cidade de São Gonçalo, tinham que percorrer 40 quilômetros – e, de quebra, atravessar a Baía de Guanabara. “Fazíamos esse caminho chorando todo dia”, diz. Seis meses após a abertura do negócio, os dois fizeram um ultimato a si mesmos: se, em quatro meses, a unidade não entrasse nos eixos, eles desistiriam do empreendimento.
Após isso, começaram a fazer testes na operação da unidade. “Em uma franquia, devemos manter um padrão. Mas como a franqueadora não se importava, fomos mudando algumas coisas”, afirma Luiz Felipe. Uma das novidades foi a venda de picanha assada na pedra. A partir disso, a situação começou a melhorar.
Posteriormente, Luiz Felipe e Luiz Sérgio rescindiram o contrato com a franquia antiga e criaram um negócio próprio: o Billy The Grill. Vale ressaltar que as carnes na pedra não foram suficientes para sanar os problemas financeiros da dupla. “Entramos no segundo negócio ainda com dívidas”, diz o irmão mais velho. Por sorte, os fluminenses puderam contar com a ajuda da família para voltar ao azul. “Tivemos que nos desfazer de uma casa na praia e um apartamento”, afirma Luiz Felipe.
Com a criação do Billy The Grill, em 2010, e a reorganização financeira que se seguiu, os negócios dos irmãos decolaram. Em 2013, chegaram a 7 unidades. No ano passaram, atingiram 23. Todas estão na cidade do Rio de Janeiro e na região metropolitana da capital fluminense. Na franquia, a dupla se empenhou para não cometer os erros do passado. “Resolvemos focar no Rio de Janeiro. Como tivemos pouco suporte, decidimos manter as operações mais próximas da gente”, afirma Luiz Felipe.
Hoje, o Billy The Grill vende, além das carnes na pedra, pratos executivos, pratos executivos e sanduíches.
No ano passado, em busca de um negócio que exigisse um investimento mais baixo – já que a franquia do Billy The Grill custa mais de R$ 500 mil – os empreendedores criaram outra rede: O Vizinhando, voltado para a venda de espetos e cerveja de garrafa. “A unidade-piloto, no bairro do Méier, no Rio, vem sendo um sucesso”, afirma o irmão mais velho.
Até o fim do ano, a dupla de empreendedores quer abrir a trigésima unidade do Billy The Grill e abrir outras seis operações do Vizinhando. O faturamento previsto, com as duas franquias, é de R$ 65 milhões.
Segundo Luiz Felipe, foi difícil viver durante os tempos de crise. No entanto, os frutos que vêm sendo colhidos fazem com que toda a dificuldade tenha valido a pena. “Faria tudo de novo”, diz.