O ex-presidente da Fifa, João Havelange, morreu nesta terça-feira (16), às 5h01 da manhã, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no hospital Samaritano, do Rio de Janeiro.
De acordo com João Mansur, médico de Havelange, o ex-dirigente sofria de uma infecção pulmonar que se agravou e caminhou para uma infecção generalizada, causa da morte. Ainda não há informações sobre o funeral.
Em julho deste ano, ele havia sido internado em virtude de uma pneumonia, mas teve alta. Com a saúde debilitada, Havelange foi novamente levado ao hospital semanas depois.
Filho de um comerciante de armas belga, Jean-Marie Goedefroid de Havelange foi um dos cartolas mais influentes da história do esporte. Presidente da Fifa durante 24 anos (1974 a 1998), ele conviveu com diversas denúncias de corrupção em sua gestão e é apontado como um dos responsáveis pela popularização do futebol em lugares como a África e a Ásia.
Antes de se tornar dirigente, Havelange construiu uma história de sucesso como atleta. Pelo Fluminense, seu clube de coração, disputou diversos esportes e destacou-se primeiro na natação. Ele chegou a disputar os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, nas piscinas.
Em 1952, em Helsinque, ele voltaria às Olimpíadas com a seleção brasileira de pólo aquático, tornando-se um dos poucos atletas a disputar edições antes e depois da Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, começou a envolver-se com o lado político da natação e ascendeu até a presidência da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) em 1956.
A entidade, que na época agregava mais de 20 esportes, serviu como um trampolim para o dirigente, que conseguiu tornar-se presidente da Fifa em 1974. Foi sob a gestão de Havelange que a Copa do Mundo atraiu o interesse de grandes patrocinadores e passou a render mais financeiramente.
Ao mesmo tempo, o crescimento da Fifa também criava suspeitas de que Havelange teria se aproveitado do processo para lucrar pessoalmente. Influente, o cartola manteve contato próximo com diversos políticos e conseguiu estender seus tentáculos ao futebol brasileiro em 1989, quando colocou seu ex-genro Ricardo Teixeira na presidência da CBF.
Foi da relação com o afilhado político que saiu seu grande tendão de Aquiles, que curiosamente tornou-se público depois que ele deixou a presidência da entidade, em 1998. Segundo a BBC, ele e Ricardo Teixeira receberam propina da ISL, agência de marketing que trabalhava com a Fifa.
Ambos teriam assumido o crime e devolvido o dinheiro à Justiça suíça, mas estariam tentando abafar o caso para que ele não se torne público. Toda a confusão fez com que, em dezembro do ano passado, ele renunciasse ao seu cargo no COI, que estava investigando o problema e ameaçava expor Havelange. Fora da entidade, o cartola brasileiro não podia mais ser atingido e a apuração foi arquivada.
Em sua carta de renúncia, João Havelange alegou problemas de saúde e nunca mais tratou do assunto até a sua morte.