Cineasta afirma que não autorizou trecho do filme e que presidente é ‘candidato desesperado’
O cineasta José Padilha afirmou nesta sexta-feira (30) que vai processar o presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo uso indevido de trecho do filme “Tropa de Elite 2” em um vídeo de propaganda política.
Na peça publicada no Instagram do candidato, são exibidas imagens do encontro de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com oito ex-presidenciáveis, realizado no dia 19. Ao fundo, ouve-se a narração feita por Wagner Moura em trecho do filme dirigido por Padilha.
“O sistema se reorganiza, articula novos interesses, cria novas lideranças. Agora, me responde uma coisa: quem você acha que sustenta tudo isso? É… E custa caro”, diz Moura, que interpreta o personagem Capitão Nascimento no filme.
De acordo com Padilha, que é diretor de “Tropa de Elite”, “Tropa de Elite 2” e da série “O Mecanismo”, esse uso não foi autorizado.
“Eu quero que conste que a campanha política do Bolsonaro utilizou um trecho do filme ‘Tropa de Elite 2’, escrito por mim e por Bráulio Mantovani, narrado por Wagner Moura. Quero que conste que é um uso indevido, não autorizado, de um candidato desesperado, capaz de fazer qualquer coisa”, afirma em vídeo enviado à reportagem.
Ele continua: “Marcos Prado, meu sócio na Zazen Produções e produtor do filme, também não aprovou e não autorizou o uso do filme”.
O cineasta, então, conclui: “Bolsonaro, eu vou correr atrás. Isso aí não vai ficar de graça, não”.
Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, Bolsonaro está em segundo lugar na corrida presidencial, com 36% das intenções de voto. O líder é Lula, com 50%, um valor que deixa aberta a possibilidade de o petista ser eleito já no primeiro turno.
Caso os dois disputem o segundo turno, o levantamento do Datafolha indicou que Lula venceria com 54%, contra 39% do atual presidente.
Na reta final da campanha, o PT tem feito investida pelo voto útil, na tentativa de liquidar a fatura já neste domingo (2). A estabilidade do cenário eleitoral, contudo, se garante sua liderança ao longo de toda a corrida, também torna difícil prever se haverá uma onda favorável ao ex-presidente.
Uma das estratégias de Lula é compor um arco muito amplo de alianças. Seu candidato a vice-presidente é Geraldo Alckmin, que hoje está no PSB, mas passou décadas no PSDB e disputou a Presidência com Lula em 2006.
Fonte: Folha de São Paulo