O misterioso assassinato de um jovem bissexual em Astolfo Dutra, na Zona da Mata, está sendo investigado pela Polícia Civil. Uma das possibilidades apuradas por policiais da pequena cidade é de que o caso possa ter sido motivado por homofobia, porém outras possíveis motivações não são descartadas. Júlio César da Silva, de 23 anos, foi encontrado morto na manhã da última sexta-feira (2), com um tiro nas costas, próximo a um dos trevos do município.
De acordo com testemunhas, o jovem, que estava em sua moto, teria sido perseguido por pelo menos 2 km por uma dupla de motociclistas que gritavam: “O ‘viadinho’ vai morrer”. Amedrontado, o jovem chegou a pedir socorro a moradores das casas por onde passava e suplicava para que chamassem a polícia.
“Já era bem tarde da noite, umas 23h da quinta-feira, quando escutei a gritaria. Eles passaram muito rápido aqui e o Júlio chegou a gritar o nome de uma amiga dele da rua. Pedia para chamar a polícia, porque ele ia ser morto. Parecia até uma brincadeira, mas como também houve tiroteio, todo mundo da rua se assustou. A cidade é pequena e está todo mundo espantado”, contou um morador da cidade, de 43 anos, que pediu para não ser identificado.
Diante da situação, a Polícia Militar (PM) fez um rastreamento por toda a cidade, mas o jovem e os suspeitos não foram localizados. A vítima só foi encontrada morta na manhã desta sexta, por um amigo da família que o viu caído às margens da rodovia MG-285, a cerca de 300 metros do trevo de Astolfo Dutra. Quando os militares chegaram ao local, o rapaz já estava sem vida e com o corpo rígido. A motocicleta que ele usava foi encontrada próxima dele.
Investigação
A investigação do caso está sendo feita pela delegacia de Cataguases. Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que mais detalhes sobre o caso só poderiam ser repassados na segunda-feira (5). Porém, policiais ouvidos pela reportagem disseram que as informações sobre o crime ainda são escassas e que a polícia não descarta nenhuma hipótese de motivação para o crime, inclusive a de homofobia.
De acordo com o primo da vítima e funcionário público Deleon Silva, a família não possui suspeitas de ninguém. “Ele não tinha declarado sua bissexualidade para toda a família, e eu e alguns primos mais próximos já sabíamos. Mas não posso afirmar que o ocorrido tenha a ver com isso. Estamos todos muito impactados ainda. Sei que ele era um cara tranquilo e que não tinha rixa com ninguém”, afirmou. Segundo o parente, o primo estudava para prestar vestibular.
Imagens das câmeras de estabelecimentos comerciais da cidade, por onde o rapaz foi perseguido, estão sendo recolhidas pelos policiais. A expectativa é que com as imagens se consiga identificar os suspeitos do assassinato. Até a tarde deste sábado (3), ninguém ainda havia sido preso.
Comoção
Além de toda comoção na pequena cidade, que possui uma média de um homicídio por ano, o Facebook de amigos e familiares da vítima também serviu de palco para homenagens ao jovem. A maioria das mensagens pedia por justiça e “investigação imediata da polícia”.