Um censo realizado pela prefeitura de Juiz de Fora, no interior de Minas, em conjunto com a Universidade Federal da cidade (UFJF), mostrou que a população de rua da cidade mais que dobrou nos últimos sete anos: de 384, em 2016, para 805 em 2023.
Censo da população de rua de Juiz de Fora: veja os dados mais importantes
Maioria da população de rua é formada por homens pretos, pardos, héteros e com idade entre 30 e 50 anos;
– 60% deles moravam na rua antes da pandemia;
– A pandemia foi responsável pelo aumento de 35% do número de moradores de rua;
– 59,5% dos moradores de rua são dependentes de álcool e drogas ilícitas;
– 71% tinham residência fixa antes de irem para a rua;
– 54% tinham emprego formal;
– 64% frequentam as instituições de acolhimento da cidade.
União de políticas públicas
De acordo com Telmo Rolzani, professor do Departamento de Psicologia da UFJF e um dos integrantes do censo, os números mostram que é necessário pensar em políticas públicas para reduzir esse aumento da população de rua.
“Observamos no censo que a própria situação de estar na rua, não haver uma atividade de sustento e o tempo que vive na rua são os principais fatores associados ao consumo de álcool e drogas. Além disso, essas pessoas relatam usar drogas como forma de sobrevivência, enfrentamento da situação de rua ou ainda como única fonte de prazer acessível a elas. Outras experiências mundiais e nacionais demonstram que, para além de ações de redução de danos e melhoria no acesso ao tratamento humanizado e de políticas sociais voltadas para as drogas, as abordagens mais amplas e compreensivas são mais eficazes”, explicou o professor.
Segundo Rolzani, é necessário aumentar o trabalho psicológico feito com os moradores de rua para tirá-los dessa situação. “Outro fator importante é que, junto com os problemas do uso [de drogas] em si, é comum outros tipos de sofrimentos mentais que precisam ser avaliados para se pensar em intervenções”, ressaltou.
O censo feito pela PJF em parceria com a UFJF pode ser encontrado aqui.