GENEBRA – A Justiça da Suíça determinou, por tempo indeterminado, o congelamento de contas secretas do usineiro e ex-deputado federal João Lyra (PTB-AL) por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro. O caso é relativo a uma investigação que, no Brasil, também teve como alvo o senador Fernando Collor (PTC-AL). Segundo as autoridades suíças, uma filial do grupo dirigido por Lyra teria fechado “contratos para a venda de uma quantidade importante de etanol, em meio ao pagamento de propinas”. Esses contratos, conforme as investigações, “teriam sido usados pelo mesmo grupo como garantia para obter empréstimos de diversas instituições financeiras privadas e públicas e propinas também teriam sido pagas nesse contexto”. De acordo com documentos do “Panama Papers”, o ex-deputado era representante da Refill Trading Corp, com sede no Panamá e com contas no banco suíço Pictet. A Suíça iniciou a apuração contra Lyra em novembro de 2015 e, na época, o Ministério Público do país europeu “sequestrou a conta bancária” mantida pelo brasileiro.
No Brasil, o caso também implica Collor. Conforme inquérito da Polícia Federal de abril do ano passado, o senador promoveu uma “intervenção direta” na BR Distribuidora para a contratação da usina de Lyra.
Em 2010, a BR Distribuidora fechou contratos com a empresa do usineiro, a Laginha Agro Industrial S/A, movimentando R$ 5 milhões e uma linha de crédito no valor de R$ 2,2 milhões. Sem garantias compatíveis com o alto risco das operações, a PF indica que as transações financeiras tenham gerado prejuízo ao erário no valor de aproximadamente R$ 9 milhões.