Nesta terça, 17 de abril, o Curso de Administração da PUC Minas, em parceria com especialistas em criptomoedas, promoveu a palestra “Bitcoin: legal ou ilegal?”, no auditório Padre de Man, em Contagem/MG., das 19h às 22h. O evento, que contou com apoio dos cursos de Direito e Ciências Contábeis da instituição, teve ainda uma cerimônia de entrega do Troféu Gestão, destinado aos melhores alunos da universidade. A palestra reuniu, em sua maioria, alunos dos cursos de economia, direito, tecnologia da informação, ciência da computação, contabilidade e administração.
Com lotação esgotada, chegando a cerca de 400 pessoas, Mario Saveri, professor da Faculdade de Direito e Economia da PUC, abriu o evento. “É uma honra abrir uma mesa de debate para um tema tão atual. O mundo muda a cada instante e estamos diante de uma revolução, que não pode ser negada. Temos que nos preparar para saber quais são as tecnologias que existem por trás da blockchain e que serão, por elas, impulsionadas”, disse o professor, citando ainda o caso de Serra Leoa. A nação africana foi a primeiro do mundo a utilizar a tecnologia blockchain, espécie de grande “livro contábil” que registra vários tipos de transações e possui seus registros espalhados por vários computadores, para auditar os resultados de uma eleição, o que mudou completamente o cenário político do país.
Em seguida, Geraldo Marques deu início ao tema da palestra: “Bitcoin: legal ou ilegal?”. O especialista em criptomoedas abordou tudo o que envolve a moeda bitcoin e toda a polêmica que a envolve. “Até hoje não se sabe quem criou a bitcoin. Mas isso não importa. Até porque é humanamente impossível que uma só pessoa a criasse, pois estamos falando de uma moeda perfeita: ela possui raridade, portabilidade, aceitação, divisibilidade e é a única que é totalmente à prova de fraude”, explicou, fazendo uma comparação ao escambo na época do Descobrimento do Brasil por Portugal, quando os índios trocavam ouro por objetos trazidos pelos portugueses. “É a mesma coisa: se o índio fazia esse escambo para a troca de um espelho, é porque o ouro não tinha valor para ele”, completou Geraldo.
O especialista falou ainda sobre outras questões que envolvem a moeda bitcoin, como o fato dela ser usada para lavagem de dinheiro e financiar ações criminosas da deep web. “A moeda bitcoin não foi criada para isso. É a mesma coisa de criminalizar Santos Dumont: ele não criou o avião para que jogasse bombas em países em guerra. Quando algo cresce e cria uma certa escalabilidade, acaba sendo usado para outros meios por pessoas que possuem má índole para outros interesses”, afirmou.
Para finalizar, Marques comentou que estamos vivendo a última geração do dinheiro em espécie e das outras formas de pagamento, como cartões de débito e crédito, principalmente pela falta de segurança que tais transações oferecem. “Todas as operações financeiras que usamos estão perto do fim. A moeda bitcoin, além das outras criptomoedas que estão por aí e vão surgir, compram tudo na internet. A geração dos millenials e seus filhos terão uma outra abordagem em relação à geração de valor e lucro. Não importará algo como ter um apartamento ou carro, ou o quanto você acumula de riqueza. Mas o quanto de valor a pessoa tem. E a moeda bitcoin é isso: as pessoas estão apaixonadas por ela, mas deveriam estar pela tecnologia blockchain, a chave de tudo que envolve o universo critpo”.
Em seguida, foi aberta uma rodada de perguntas para o advogado Octávio de Paula, que falou dos trâmites legais da criptomoeda, e para o empreendedor e orientador de startups Saint Clair, que abordou o seu viés tecnológico. “Tudo o que é novo cria uma certa resistência. Mas investir em bitcoin não é só legal, mas é uma das principais maneiras de aprender a usar um investimento com geração de valor. Bitcoin não é dinheiro, não é nada disso, é um ativo digital. É uma nova forma de gerar valor e de se preparar para o futuro. Mas, para investir em bitcoin, é necessário buscar alguém que realmente entenda”, ensinou Octávio.
Já Saint Clair Isidoro abordou temas como blockchain e mineração de criptomoedas no Brasil. “Costumo dizer que a bitcoin funciona da seguinte maneira: quando você se casa, vai ter sempre uma especificação na sua certidão com seu estado civil, como funciona na fabricação de uma bitcoin. E, se você se separar, vai ser divorciado. É uma marca que não sai de você, como não sai da bitcoin, ela tem um código único e inviolável. Por isso os bancos estão dando preferência a esse tipo de transação via blockchain, pois não tem como ter fraude”, declarou, acrescentando que minerar criptomoedas em território nacional continua sendo difícil devido, principalmente, ao preço da energia.