O caso de um roubo a uma livraria no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, ganhou repercussão após os donos do estabelecimento divulgarem que os criminosos levaram livros com títulos inusitados, como 'Tudo pode ser roubado' e 'Direito à vagabundagem'. O fato, no entanto, não passou de uma ficção criada pelos próprios sócios da livraria para chamar atenção e gerar engajamento nas redes sociais.
O furto de fato aconteceu, porém nenhum livro foi levado. Na noite da última terça-feira (28/3), a loja foi arrombada e os bandidos, na verdade, levaram o dinheiro que estava no caixa, um notebook, um celular, uma caixa de som e outros objetos de valor.
Inicialmente, eles divulgaram que, durante o levantamento do inventário, deram falta de três livros: "Tudo pode ser roubado", de Giovana Madalosso, e "Direito à vagabundagem", de Paula Carvalho, e "Canto eu e a montanha dança", de Irene Solá, supostamente levados no crime.
"Espero que os infratores leiam os títulos que levaram. Apesar dos percalços, seguimos", publicou a livraria.
Em conversa com a reportagem do Estado de Minas, na última sexta-feira (31/3), Tatiane Fontes Ladeira, uma das sócias do espaço, detalhou o crime. "Nós temos um alarme e ele foi acionado. A gente acha, inclusive, que foi por causa disso que ele (o criminoso) não levou mais coisa da loja", afirmou.
Durante a entrevista, no entanto, a sócia da livraria não desmentiu o furto dos livros. O estabelecimento chegou, inclusive, a compartilhar a matéria do Estado de Minas nas redes sociais.
Repercussão do caso
Na postagem do Instagram, em que foi anunciado o crime, seguidores lamentaram o ocorrido e comentaram a ousadia dos ladrões. "Será que o gatuno é alguém do clube de leitura?", comentou um deles, em referência ao fato de que um dos livros supostamente furtados seria tema de um encontro da livraria.
Nas redes sociais, a livraria segue em silêncio e também não avisou aos seguidores de que o texto se trata de uma crônica. Até a publicação desta matéria, a Livraria Jenipapo não havia se posicionado sobre o caso nas redes sociais.
Giovana Madalosso, autora do livro "Tudo pode ser roubado", chegou a compartilhar a história.
Livraria desmente furto de livros
Somente após a repercussão do caso, a livraria voltou atrás e admitiu ter inventado a história. "Fui tentar transformar um evento negativo numa matéria literária, na chave do humor, buscando engajamento, que é para que servem as redes sociais, não é?", afirmou Fred Pinho, sócio da livraria, em conversa com reportagem do Estado de Minas.
Segundo ele, pareceu óbvio que o ladrão não havia furtado os livros. "Reconheço que a princípio a divulgação nos pareceu interessante, até porque não imaginávamos a proporção que tudo ia tomar", disse. Durante a entrevista com o Estado de Minas, a sócia da livraria não desmentiu o furto dos livros.