Em entrevista concedida à revista “Veja”, o senador e ex-líder do governo Delcídio do Amaral retoma denúncias apresentadas em sua delação premiada e reafirma que “Lula e Dilma tinham pleno conhecimento da corrupção na Petrobras”.
Delcídio, que se desfiliou do PT na última terça-feira (15), diz ter participado do ato político contra o governo que ocorreu no domingo (13), mas por temer ser reconhecido se juntou à multidão na avenida Paulista sem tirar o capacete.
Segundo a reportagem publicada pela revista, o senador diz querer se redimir com a sociedade auxilando autoridades a unir os pontos que ainda faltam para expor todo o enredo do esquema de corrupção. “Errei, mas não roubei nem sou corrupto. Posso não ser santo, mas não sou bandido”, declarou à revista.
Entre as denúncias retomadas na entrevista, o senador declara que Lula comandava o Petrolão, cujo esquema teria sido herdado pela presidente Dilma Rousseff, também beneficiada, uma vez que o esquema financiou suas campanhas. ” A Dilma também sabia de tudo”.
Também fala sobre as obstruções à Justiça que seriam promovidas pelo governo. “Ele [Lula] e a presidente Dilma tentam de forma sistemática obstruir os trabalhos da Justiça, como ficou claro com a divulgação das conversas gravadas entre os dois.”
Mas, “nem sempre foi assim”, afirma Delcídio sobre a suposta sintonia de Lula e Dilma em abafar as investigações. “O Lula tinha a certeza de que a Dilma e o José Eduardo Cardozo (ex-ministro da Justiça, o atual titular da Advocacia-Geral da União) tinham um acordo cujo objetivo era blindá-la contra as investigações. A condenação dele seria a redenção dela, que poderia, então, posar de defensora intransigente do combate à corrupção. O governo poderia não ir bem em outras frentes, mas ela seria lembrada como a presidente que lutou contra a corrupção”.
Enquanto isso, Lula “queria parecer solidário, mas estava mesmo era cuidando dos próprios interesses”. O ex-presidente teria pedido a Delcídio que “procurasse e acalmasse o Nestor Cerveró, o José Carlos Bumlai e o Renato Duque”.
“Apresidente sempre mantinha a visão de que nada tinha a ver com o petrolão. Ela era convencida disso pelo Aloizio Mercadante (o atual ministro da Educação), para quem a investigação só atingiria o governo anterior e a cúpula do Congresso”, afirma Delcídio.
O cerco da Lava-Jato ao Planalto, porém, teria feito a presidente mudar de postura. “O petrolão financiou a reeleição da Dilma.”
Lula e Dilma teriam, então, acertado o ponteiros em meados do ano passado. “Foi quando surgiu a ideia de nomeá-lo ministro”, denunciou Delcídio.