Brasília. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atua para viabilizar seu nome como candidato à Presidência da República. Para isso, ele pretende minar a pré-candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD).
A movimentação ocorre em meio à crescente “agenda eleitoral” do titular da Fazenda – na última sexta-feira, Meirelles participou de evento evangélico em Brasília, por exemplo. Aliados de Maia e integrantes do próprio governo passaram a intensificar ataques ao ministro, com críticas por sua atuação. “Em vez de falar em eleições, ele deveria estar centrado na estratégia para aprovar a reforma da Previdência”, disse o deputado Pauderney Avelino (AM), secretário geral do DEM.
Maia, Meirelles e o governador tucano Geraldo Alckmin tentam se apresentar como o candidato de centro e sonham com o apoio dos partidos da base governista. Temer, para aglutinar essas forças em torno de um nome, tem exigido a defesa de seu legado econômico.
Apesar de Maia buscar a desestabilização da candidatura de Meirelles, seus aliados dizem que o presidente da Câmara vê Alckmin hoje como o principal concorrente ao Planalto.
A avaliação é que o ministro da Fazenda não conseguirá concorrer, entre outros motivos, porque não terá apoio nem mesmo de seu próprio partido. Na última semana, o presidente licenciado da legenda, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que Meirelles é um presidenciável, mas “afirmar que será candidato é um desrespeito com os companheiros de partido”.
Segunda-feira (8), o ministro da Secretaria Geral de Governo, Moreira Franco, disse que o candidato da base do presidente Michel Temer precisa ter trânsito entre os partidos e que, se Meirelles quiser ser candidato, terá que “trabalhar” para isso.
Enquanto a decisão sobre a candidatura de Meirelles fica para abril, como o próprio ministro já afirmou, a estratégia dos aliados de Maia é desgastar o titular da Fazenda. Como ambos defendem a reforma da Previdência, o presidente da Câmara se colocará como “defensor radical” da agenda reformista. Ao mesmo tempo, deixará o “desgaste” com parlamentares para Meirelles.
Um exemplo desses atritos lançados para o ministro é o veto de Temer ao projeto que criou um programa de parcelamento de dívidas tributárias, conhecido como Refis, para micro e pequenas empresas. Maia fez questão de não emitir opinião sobre o assunto e deixou claro aos parlamentares que o presidente derrubou a medida por orientação da equipe econômica.
Tática. Outra maneira pela qual Maia tentar viabilizar sua candidatura é tornar-se mais conhecido. O DEM prepara uma agenda de viagens pelo país para que ele tenha mais visibilidade. A ideia é justificar as viagens como atos partidários para novas filiações da legenda.
Depois da votação da reforma da Previdência, marcada para 19 de fevereiro, Maia deve fazer pronunciamentos e dar entrevistas com um discurso mais parecido com o de candidato: pretende defender as reformas de Temer, mas quer propor outras pautas para o país. Seria uma forma de mostrar “independência” da atual gestão, que sofre com baixa popularidade. Mesmo se conseguir se viabilizar com o apoio do centrão, Maia terá o desafio de crescer nas pesquisas.
Frases
“Há partidos e pessoas falando nessa possibilidade (da candidatura de Maia à Presidência). Mas isso aí não significa intenção de voto. Significa falta de alternativas.”
“Se estou sendo cogitado, é porque há uma avenida aberta. E quem vai dirigir por essa avenida? Quem não antecipar o processo, tiver uma base e segmentos da sociedade”.
Rodrigo Maia