Tal pai, tal filho. Janderson Oliveira Lacerda, de 45 anos, e o filho dele, Janderson Júnior, de 24, foram presos pela Polícia Civil de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, acusados de praticar vários golpes de estelionato, tráfico de drogas e receptação de cargas roubas. Segundo a polícia, o pai é considerado um dos maiores estelionatários de Contagem e também agia na capital e cidades do interior de Minas Gerais.
Com eles, foram apreendidos 32 kg de maconha, 61 pinos de cocaína, uma quantidade de crack e aproximadamente meio milhão de reais em produtos médicos e hospitalares receptados de uma carga roubada. O material seria vendido para clínicas e hospitais, segundo a polícia.
As investigações começaram em setembro. “Tudo começou com uma chamada de briga de casal em Contagem, entre Janderson Júnior e a namorada dele. A polícia entrou no imóvel e se deparou com cerca de cem carimbos, simulacro de arma de fogo e 11 buchas de maconha. Ele foi preso por tráfico de drogas”, conta o delegado regional de Contagem, Christiano Xavier.
Falsificação
Na delegacia, os policiais identificaram diversos carimbos com o nome de autoridades policiais, médicos, de cartórios públicos e de empresas de Belo Horizonte, Contagem e Sete Lagoas. Dois carimbos tinham os nomes de delegados-chefes do Detran-MG, Anderson Alcântara e Andréa Vacchiano, e eram usados para falsificar documentos de veículos e carteiras de motorista.
“Eles tinham pendrives com identificações eletrônicas de delegados de outros Estados da federação. A gente passou a fazer uma investigação bem acirrada em cima do pai e do filho. O pai já era conhecido no meio policial por falsificações, apesar de ter prontuário apenas por tráfico de drogas”, disse o delegado.
Outros golpes
Vários outros golpes são atribuídos ao pai, como venda de veículos clonados e de imóveis com escrituras falsificadas. “Ele pegava chaves em imobiliárias para mostrar os imóveis às pessoas e depois negociava esses imóveis através de escrituras falsificadas. Ele também falsificava atestados médicos. Fazia todo tipo de falsificação possível”, explica Xavier.
Diversas carteiras de identidade e de habilitação eram falsificadas em papel de documentos verdadeiras, que passavam por um processo de lavagem química. “Ele aplicava tudo o que é tipo de golpe. Quando alguém precisava de alguma coisa errada, procurava o Janderson e ele dava um jeito”, reforça o delegado.
Em condomínio de luxo
Uma força tarefa localizou várias residências do preso mais velho, uma delas em um condomínio de luxo de Capim Branco, onde era feita a movimentação de drogas, segundo o delegado. No imóvel, a polícia apreendeu 32 kg de maconha, algumas prensadas junto haxixe, 61 pinos de cocaína e uma certa quantidade de crack e os produtos hospitalares avaliados em R$ 500 mil.
“A gente sabia que o pai tinha envolvimento com o tráfico, mas não no tráfico dessa demanda. As investigações, e a própria confissão dele, comprovam que ele era o principal abastecedor dos traficantes do bairros Aarão Reis, do Taquaril e da favela Morro do Papagaio, em Belo Horizonte”, disse o delegado.
Produtos hospitalares
Ainda de acordo com o policial, Jamerson havia trocado drogas pelo produtos hospitalares apreendidos. “Essa carga roubada valia mais como moeda de troca e ele estava negociando a venda desses produtos em cidades da região metropolitana”, contou Christiano Xavier. Segundo ele, havia mandado de prisão contra o pai, mas o filho estava com ele, junto com a droga, e também foi preso.
De acordo o com o delegado, o pai usava 11 nomes falsos para praticar os golpes. Ele tinha dois mandados de prisão em aberto, com nomes falsos diferentes. “Conseguimos, através do Instituto de Identificação, comprovar que todos esses nomes, na verdade, tratavam-se do Janderson, o pai. Fomos os fóruns de Paraopeba e de Sete Lagoas e conseguimos retificar os mandados de prisão”, disse Xavier.
O flagrante
Pai e filho foram presos em flagrante por tráfico de drogas, crime de receptação e estelionato. “A vida do filho também é pontilhada por diversos crimes. Começou em setembro, com a prisão dele por tráfico de drogas. Em outubro, quando já estava solto, ele foi envolvido em uma ocorrência policial em que tentou praticar um sequestro e um roubo de telefone celular. Através de imagens, a perícia comprovou que o carro usado era dele. Ele também foi indiciado nesse caso”, disse o delegado.
A polícia investiga outros “parceiros” do pai no tráfico de drogas. “A informação que temos é que ele havia abastecido os aglomerados com uma tonelada de drogas recentemente”, conta o delegado regional. O pai, acrescentou, teria uma dívida de quase R$ 800 mil em Capim Branco e estaria jurado de morte por não pagar.
“Diversas pessoas teriam sido vítimas de golpes milionários praticados por ele, em Paraopeba, Curvelo e Sete Lagoas. Ele teria levado muita gente a amargos prejuízos”, comentou o policial, que investiga o local onde onde as falsificações de documentos eram feitas.
O outro lado
Janderson, o pai, negou as acusações de estelionato e disse ter sido preso por crimes que ele já pagou. “Se tem a droga é que ela foi apreendida. Se tem dono, ele deve deve prestar esclarecimento à Justiça. Já fui criminoso e estou há cinco anos sem cometer crimes”, afirmou o preso, que disse trabalhar com compra e venda de carros e imóveis. “Vendi o que me pertencia”, garantiu.
O filho assumiu ser dono da droga apreendida e disse que a carga apreendida estava em um sítio onde ele morava. “Essa carga eu troquei em uma moto velha. A droga, eu troquei por um carro, pois eu uso muita droga”, disse Janderson Júnior, que alegou que os 32 quilos de maconha era para uso próprio.
“Eu ia fumar, passar Natal, ano novo e carnaval fumando”, disse o filho, brincando que tem dois pulmões. “Eu ia fumar uma parte e a outra trocar por carro e moto”, disse. A carga de medicamentos ele informou que pretendia vender.