Um caminhão com pneu estourado seguia pelo Anel Rodoviário de Belo Horizonte, na descida do Betânia, na região Oeste, trecho com alto índice de acidentes. Logo atrás, vinha um com pneu careca e outro com lâmpada de freio queimada. Só não passaram despercebidos, na manhã desta segunda-feira (11), porque teve início o pente-fino dos caminhões de carga no local, a primeira ação do projeto Aliança pela Vida, que deve resultar na restrição de veículos pesados na via a partir do ano que vem. Em três horas de blitz, 44 caminhões foram fiscalizados, e mais da metade dos motoristas foi autuada por irregularidades – o número absoluto não foi informado pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv).
Alguns condutores receberam mais de uma multa. Foram aplicadas, ao todo, 32 autuações, e 12 veículos ficaram retidos até que os motoristas resolvessem as falhas, como o que teve que trocar o pneu que estava estourado. “Em relação à segurança, não pode existir economia. Um pneu careca aumenta muito o risco de acidentes”, afirmou o comandante do policiamento no Anel, tenente Pedro Henrique Barreiros.
Segundo ele, a maioria das infrações foi relacionada à má conservação dos caminhões, o que implica em multa grave de R$ 195 e cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A idade média da frota de caminhões do país é de 18,9 anos, de acordo com o assessor técnico da federação e do sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Minas Gerais (Fetcemg e Setcemg), Luciano Medrado. A frota só é mais nova entre empresas de transporte (média de oito anos). “Quando a estrutura das estradas é ruim, o mínimo que se tem que ter é um controle maior da qualidade dos veículos”, afirmou.
Porém, o modelo de fiscalização empregado na segunda-feira, com policiais da PMRv e mecânicos da concessionária Via 040, só deve se repetir daqui a cerca de 15 dias, em data ainda não marcada. Até lá, a fiscalização continua por meio da operação Carga Pesada, que, segundo o tenente Barreiros, ocorre rotineiramente, quando há disponibilidade de viaturas, mas sem os mecânicos para avaliar as condições de freio e motor dos veículos.
Saiba mais sobre o futuro do Anel
Restrição. A proibição de caminhões depende de audiência pública, que deve ocorrer em 90 dias.
Portaria. A medida também está condicionada à publicação de portaria, como nas restrições de circulação em outras vias da capital.
Revitalização. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não se posicionou sobre a mudança nem deu prazo para a revitalização do Anel.
Empresas querem instalar balança na entrada da rodovia
Diante da proposta da prefeitura de restringir o tráfego de caminhões em parte do Anel, sindicatos das empresas de transporte de cargas apresentaram uma contraproposta. Em vez de proibir a circulação, eles sugerem que a faixa da direita seja de uso exclusivo dos caminhões e que seja instalada uma balança de pesagem na entrada da rodovia, como forma de frear o ritmo dos motoristas.
“A balança serve para evitar o excesso de peso e para quebrar o ritmo da viagem, que deve ser diferente na área urbana”, argumentou o assistente técnico do Fetcemg e do Setcemg, Luciano Medrado. As sugestões foram apresentadas à prefeitura no início do mês, mas ainda não houve resposta.