Um marcapasso para o cérebro ajudou pacientes com Alzheimer a recuperar a função cognitiva perdida com a evolução da doença.
Durante dois anos, cientistas colocaram pequenos fios elétricos nos lobos frontais dos cérebros de três pacientes e, em seguida, aplicaram uma pequena corrente elétrica.
No revolucionário estudo liderado pela Universidade Estadual de Ohio (EUA), três pacientes que sofrem de Alzheimer foram equipados com os dispositivos de Estimulação Profunda do Cérebro (DBS, na sigla em inglês) e os resultados foram, então, analisados.
Os três pacientes mostraram melhorias significativas em sua capacidade de realizar tarefas diárias.
LaVonne Moore, 85, de Delaware, Ohio, mostrou talvez a maior melhora: recuperou a capacidade de preparar suas próprias refeições e de escolher as roupas que ela queria usar.
“Temos muitos auxiliares de memória, ferramentas e tratamentos farmacêuticos para ajudar os pacientes de Alzheimer com a memória, mas não temos nada para ajudar a melhorar seus julgamentos, a tomar boas decisões ou a aumentar sua capacidade de focalizar seletivamente a atenção na tarefa em questão e evite distrações”, disse Douglas Scharre, coautor do estudo, ao site Huffpost.
Embora essa técnica não seja uma cura para a doença de Alzheimer, ela pode ter um impacto significativo na vida diária de quem sofre com ela. Ainda existem muitos outros fatores importantes, além da perda da memória, a serem considerados, incluindo a realização de tarefas cognitivas complexas.
Depois de três anos com o implante, a doença de Alzheimer de LaVonne Moore progrediu, mas a um ritmo muito mais lento do que o esperado. Ela ainda pode tocar piano e voltou a fazer uma série de atividades em toda a casa.
Da mesma forma que um marcapasso mantém o coração “regulado”, o dispositivo de DBS fornece estimulação para uma parte específica do cérebro.
“O lobo frontal é responsável por coisas como resolução de problemas, organização e bom senso. Ao estimular essa região do cérebro, a funcionalidade cognitiva dos pacientes diminuiu mais lentamente do que a de um paciente de Alzheimer típico”, explicou Scharre.
O próximo passo é ver se há uma forma de replicar a estimulação cerebral profunda, mas sem o procedimento invasivo que atualmente é necessário.
Expectativa
Estudos. Há muitas pesquisas sobre a doença de Alzheimer. Como a doença não tem cura atualmente, estudos que buscam melhorar a vida dos pacientes são considerados vitais.
500 mil no Reino Unido têm patologia
Washington. Há mais de 500 mil pessoas com a doença de Alzheimer no Reino Unido, e esse número deve crescer significativamente à medida que a expectativa de vida aumenta.
“O Alzheimer e as demências são doenças devastadoras que afetam pacientes e suas famílias. É crucial explorar novas opções para ajudar a melhorar a função, os cuidados diários e a qualidade de vidadesses pacientes”, disse Ali Rezai, neurocirurgião da Universidade de West Virginia.
Flash
Experiências positivas. O marcapasso já é usado com sucesso no tratamento de mais de 135 mil pacientes com Parkinson em todo o mundo, diz o neurocirurgião Ali Rezai.