A Força de Fuzileiros de Esquadra (FFE) do Brasil impressiona. Em 12 horas, pode ser armada, equipada e destacada com apoio a qualquer ponto do Brasil. São a mais treinada força de paz de pronto-emprego (QRF nível 3) a serviço das Nações Unidas.
Na busca por um ambiente ideal para seus exercícios, a FFE esteve pela terceira vez no Lago de Furnas, em Minas Gerais, onde encontrou condições de treinamento tão boas que os comandantes anunciaram, nesta segunda-feira (15/05), que, a partir deste ano, as operações no chamado "Mar de Minas" serão semestrais.
O anúncio foi feito durante a Operação Furnas 2023, que reuniu 1.500 militares em três bases no entorno do lago em São José da Barra, no Sul de Minas.
“Carecíamos de maior adestramento (treinamento) em rios e lagos interiores para testar toda a nossa mobilização, transportar todo o material, como já fazíamos na Amazônia e no pantanal, por exemplo. Neste caso, o Mar de Minas se mostrou ideal para integrar todas as nossas possibilidades”, compara o comandante de Operações Navais, almirante de esquadra Wladmilson Borges de Aguiar, que reforça ter encontrado no manancial as condições ideiais para esse treinamento.
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Desde tterça-feira passada (9/5), os fuzileiros se dividiram em três bases para os exercícios em São José da Barra, aproveitando os acidentes e desafios do lago que abastece a Hidrelétrica de Furnas.
“Aqui, temos todos os elementos necessários para os treinamentos da água para a terra, escalando montanhas e pelo ar, que são os elementos dos fuzileiros. Por isso, deste ano em diante, este exercício passa a ser feito duas vezes por ano no Mar de Minas”, disse o responsável pelo treinamento, o comandante da FFE, vice-almirante Renato Rangel Ferreira.
O lago tem 1.440km2 e abrange 34 municípios. A Marinha firmou um acordo com Furnas Centrais Elétricas para assumir o aeroporto regional, que se tornou a Base Aérea Expedicionária da Marinha em Furnas.
Com mais essa instalaçãoo, a utilização do Lago para o treinamento dos fuzileiros navais passou a integrar ainda os meios aéreos como helicópteros e aeronaves de asas fixas, incluindo caças, o que permitiu integrar praticamente todos os meios que a força dispõem em treinos conjuntos.
Na tarde desta segunda-feira (15/5), o comandante Wladmilson Aguiar, foi recebido pelo comandante da FFE na base para o início das demonstrações de capacidades em treinamento em Furnas.
O treinamento dos militares é importante para seu emprego em situações de paz e também em caso de necessidade de uso da força em missões de paz, da garantia da lei e da ordem (GLO) e de guerra.
“Uma das capacidades mais importantes dos fuzileiros é o nosso pronto-emprego. O comando se prontifica rápido, quase 5 minutos. Mas com adestramentos como esse, temos até 12 horas para todo o pessoal, ração, armamento e toda a estrutura ser embarcada para qualquer região do país. E, lá estando, cumprir também as tarefas humanitárias”, destacou o vice-almirante Renato Rangel.
Importância que o comendante Wladmilson fez questão de frisar lembrando da importância do apoio às vítimas dos desmoronamentos após as chuvas de janeiro a fevereiro de 2023, em São Sebastião, no litoral de São Paulo, quando 64 pessoas morreram na região.
“Fomos para São Sebastião, e o único acesso era por mar e pelo céu. Nossas embarcações transportaram medicamentos para aquele povo e levamos ajuda humanitária. A decisão de que a Marinha entraria em ação ocorreu às 21h do sábado de carnaval. Ao meio-dia do domingo, o hospital de campanha e toda a nossa estrutura já estavam no (Navio-Aeródromo Multipropósito) Atlântico – a Nau Capitânia da Esquadra brasileira – indo para São Sebastião”, disse.
Simulação de bombas e ataque de insurgentes
Em Furnas, as demonstrações abrangeram diversos aspectos de ações da FFE. Primeiro um grupo de Forças de Paz com capacetes azuis da ONU simulou a entrega de água como parte de ações humanitárias em áreas de conflito. O grupo é escoltado pelos fuzileiros. No mesmo quadro, foram simulados um ataque a bomba e anulação dessa ameaça durante a ação de auxílio. Depois, um ataque de insurgentes, repelidos e detidos pelas forças de paz após a chegada de reforços de retaguarda.
A FFE demonstrou também a sua capacidade de interceptação de lanchas suspeitas em situações ribeirinhas e de lagos, bem como a proteção de tropas em assaltos anfíbios com barcos e blindados Carro Lagarta Anfíbio (Clanf), apoiados pelos caças AF-1 Skyhawk e também dos militares de controle de ameaças químicas, biológicas e radiológicas.
Em paralelo, vêm sendo desempenhadas ações sociais com a interação da comunidade local, com apresentação de bandas, exposição dos serviços e missões desempenhados para escolas e comunidades.