Um vídeo gravado, nesta terça-feira (3), e postado nas redes sociais mostra um policial militar fardado dentro de um ônibus falando sobre a divisão do país, nesta quarta-feira (4), para o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As imagens estão chamando a atenção dos internautas.
O policial fala que as pessoas precisam fazer o papel delas de cidadãos e que o país vai virar um “pandemônio” – associação de pessoas para praticar o mal.
“Estamos vivendo um momento crítico neste país, vocês falam português, vocês sabem o que está acontecendo então faça o papel de vocês de cidadão, porque quem não fizer vai sofrer as consequências”, diz o policial no vídeo.
A Polícia Militar se posicionou dizendo que foi um fato isolado e que não compactua com a atitude do militar.
As imagens foram publicadas no Facebook da pré-candidata ao governo de Minas Gerais. Sara Azevedo (Psol).
Veja vídeo:
Segundo Sara, coletivos eram parados na praça da Liberdade pelo policial que fazia os discursos. Os relatos e o vídeo foram feitos por passageiros e levados para a pré-candidata ao governo.
“Quando o policial fala em acontecerem manifestações ‘a favor e contra’ em todo o país, ele faz referência aos atos contra e a favor do Habeas Corpus do ex-presidente Lula, que vão acontecer nesse dia 4, dia seguinte ao do vídeo. Para nós, o caso é muito sério, pois se de fato houver um medo de que se instale um “pandemônio”, a medida adequada a ser tomada pelos responsáveis pela segurança pública não é essa” escreveu Sara.
Dentro do ônibus o policial ainda falou para que quem quisesse deveria sair logo do país. Ele ainda pede ao motorista para esperar até que ele termine o discurso.
“Se vocês querem sair desse país saiam agora, porque provavelmente isso aqui vai virar um pandemônio. Hoje (nesta terça) tem manifestação pró e contra em todo Brasil e provavelmente vamos entrar em um pandemônio. Aqueles que não estão nem ai vão sofrer as consequências porque eu não posso chorar por vocês. Agora quem não exercer o papel de cidadão dele infelizmente vai sofrer as consequências”, disse o policial.
Em sua página do Facebook Sara condenou a atitude do militar. “O que dá à PM o direito de incitar o terror na população? Por acaso os policiais têm direito de, durante seu horário de trabalho, fazerem falas políticas beirando o fascismo (ou sendo completamente fascistas mesmo)? Aliás, se diversos ônibus foram parados, isso assume o caráter de operação. Quem autorizou isso? Qual a justificativa?”, questionou.
O que diz a Polícia Militar
A PM respondeu sobre o caso por meio de nota, dizendo o seguinte: “A Polícia Militar de Minas Gerais esclarece que trata-se de um fato isolado e que não coaduna com este tipo de atitude. Um procedimento apuratório para a devida verificação do caso em questão já foi instaurado pela Instituição”, escreveu a polícia.