Quem vê a jovem mineira Rhany Rodrigues Moreira com tanta experiência não imagina que ela tem apenas 21 anos de idade. Desde pequena, Rhany gosta de confeccionar as próprias roupas e aos 14 já tinha experiência em venda, ao ajudar o pai Elias, de 46 anos, na loja de ferramentas da família.
Rhany não gosta de ficar parada. Aos 13, disputava campeonatos de futebol na escola, além de dançar e desenhar. Na família, é a costureira oficial. Foi ela que fez o vestido de 15 anos para a irmã, além de roupas para a mãe Nádia, de 36 anos. Quando terminou os estudos, aos 17, Rhany começou a pensar no futuro. “Quando eu formei no ensino médio, queria fazer algum curso, alguma coisa para ver o que eu ia querer fazer da minha vida. Aí eu procurei o Senai e entrei no curso de Confecção [de Vestuário]. Eu acabei gostando da área.”
Foi durante o curso de Confecção de Vestuário que os professores da estudante do ensino profissional perceberam seu potencial. Ela foi convidada para participar da maior competição de educação profissional do mundo, o Worldskills. Rhany teve que mudar a rotina e sair da casa dos pais, em Divinópolis (MG), para morar em Belo Horizonte, local mais próximo da escola. Foi aí que ela intensificou durante três anos os estudos para participar da competição, realizada neste ano em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, em outubro. O Brasil ficou em segundo lugar no ranking geral e Rhany comemora. “Foi muito satisfatório, porque foram três anos de treinamento. A gente espera o melhor resultado e a gente conseguiu.”
Nesse ano, o Brasil subiu no pódio 15 vezes, tendo Rhany como medalhista de prata. A coordenadora de educação do Sesi (DF), Claudia Rocha, atribui o bom desempenho do País na competição à qualidade do ensino técnico. “O aluno precisa, sim, se preparar para o mundo do trabalho, não só o ingresso na universidade. Porém, fazendo o ensino técnico, ele amadurece bem mais rápido, as possibilidades no mercado de trabalho são grandiosas.”
Raquel Muniz, médica e deputada pelo PSD de Minas Gerais, lembra que a educação profissional ainda é vista como algo masculino, mas que as mulheres, assim como Rhany Moreira, estão ganhando seu espaço. “Quando a gente fala de educação profissional, a gente lembra que a maioria, em seu conjunto, são homens. Quando ela abre esse espaço para as mulheres, a gente sabe que é uma forma de a gente ocupar esse espaço rápido.”
Em Minas Gerais, são mais de 171 mil pessoas matriculadas na educação profissional. Dessas, quase 107 mil vagas são ocupadas por mulheres.
Reportagem, Jalila Arabi.