MINAS GERAIS – Os mineiros de 9 a 45 anos que quiserem tomar a vacina da dengue terão que desembolsar de R$ 280 a R$ 330 por dose. São necessárias três doses para garantir a imunização, com intervalos de seis meses entre elas. Portanto, o custo final pode chegar a R$ 990, segundo levantamento feito por O TEMPO em Belo Horizonte e cidades do interior. O valor chega a ser 145% maior do que o preço de fábrica, que varia por Estado conforme o ICMS. Em Minas, onde as doses começarão a ser vendidas na próxima semana, esse preço é de R$ 134, 63. De acordo o fabricante, o laboratório francês Sanofi-Aventis, mais de 1 milhão de doses estão sendo distribuídas no país. A empresa é a única no Brasil com registro de uma vacina contra a dengue, chamada de “Dengvaxia”. O Hermes Pardini, em Belo Horizonte, informou que os primeiros exemplares vão chegar às unidades que contam com vacinação no fim da semana que vem. O valor final para o consumidor deve ficar entre R$ 280 a R$ 300 a dose. Também na capital, o laboratório São Marcos informou que fez o pedido ao fabricante e está aguardando a chegada dos produtos, mas não soubeprecisar o preço final para o consumidor. No interior do Estado, a clínica de vacinas Vaciclin, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, estimou que deverá comercializar a dose por R$ 290. O maior valor encontrado pela reportagem foi em uma unidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. De acordo com a gerente de uma das clínicas Santa Clara, Leia Lemos, cada dose irá custar R$ 330. O diretor clínico da unidade, o pediatra Alessandro Ribeiro Lemos, disse que o valor final até o surpreendeu positivamente. “Estava esperando que fosse mais cara, por todo apelo, por ser dengue. Ao cliente, vamos propor um pacote, em que o valor das três doses poderá ser divido em dez vezes no cartão”, diz. Ele explicou que o preço divulgado pela Sanofi foi o valor mínimo estipulado pelo governo. “A distribuidora coloca o ganho dela e revende para as clínicas, que são a terceira etapa do processo, chegando a elas com um preço de custo de cerca de R$ 200. Estamos calculando um ganho de mais ou menos R$ 30 a R$ 50 por dose, no máximo. Somos a parte dessa cadeia que mais tem responsabilidade e a que menos ganha”, afirma. A gerente de clínica médica do Hermes Pardini, Marilene Lucinda Silva, também esclarece que a conta não é tão simples como parece. “O preço que foi liberado pelo laboratório é o preço no distribuidor, de onde nós compramos. A vacina não vem direto do fabricante para a clínica”, disse a médica. “Além disso, temos toda uma equipe, sala de vacina, aplicadores treinados, médicos responsáveis. Não é simplesmente um insumo ou um medicamento”, afirma.
A epidemia
Minas Gerais registra 527.673 casos de dengue em 2016, de acordo com balanço da Secretaria de Estado de Saúde divulgado no dia 19. Entre janeiro e a primeira quinzena de julho, foram 193 mortes de pessoas picadas pelo Aedes aegypti. No país, até 11 de junho, eram 1.345.286 casos prováveis de dengue. O número é ligeiramente menor do que o registrado na mesma época no ano passado: 1.379.124.
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Imunizante brasileiro começa a ser testado em mil voluntários
SÃO PAULO. A vacina brasileira contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan será testada em voluntários da cidade de Porto Alegre (RS). Esta é a última etapa de testes antes de ser submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser produzida em larga escala e usada em campanhas de imunização. As informações são da Agência Brasil. Participam mil voluntários, com idade entre 18 e 59 anos. Uma equipe médica vai acompanhar os efeitos da vacina por cinco anos. Os pesquisadores vão comparar a consistência da resposta imune entre os diferentes lotes da vacina. Durante os testes, dois terços dos voluntários recebem a vacina, e, no restante, é aplicado um placebo. A vacina foi produzida para proteger contra os quatro sorotipos da dengue com uma única dose.
Sem previsão
Governos de MG e federal não distribuirão
O ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), disse nessa quarta-feira (27) em Belo Horizonte que não há perspectiva de distribuição da vacina Dengvaxia pelo SUS. Segundo ele, o produto ainda não foi aprovado pelo Comissão de Incorporação de Novas Tecnologias do SUS e, se for, dependerá de recursos. “Nesse momento, não há nenhuma previsão de incorporação”, declarou. Barros lembrou que o ministério está investindo na produção de uma vacina no Brasil. “Colocamos R$ 300 milhões no Instituto Butantan, já está em fase de testes clínicos”, afirmou. O ministro disse ainda que a população pode ajudar no combate à epidemia atuando de forma preventiva. A Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) também não pretende distribuir a vacina gratuitamente à população – o único Estado a fazer isso foi o Paraná, que já está vacinando sua população. Em nota, a SES-MG informou que aguarda primeiro uma definição do ministério sobre a possibilidade de inclusão da vacina no calendário nacional. Porém, como disse o ministro, não há previsão para isso ocorrer. (Luciene Câmara e Raquel Sodré).