As árvores, em Belo Horizonte, estão exercendo um papel que vai além do embelezamento do espaço urbano e da garantia de proporcionar sombra, dar frutos e atrair passarinhos. No Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul da capital, elas servem agora de "quadro de avisos".
Aterrorizados pela onda de furtos e arrombamentos de veículos, especialmente na Rua Martinho Campos, moradores estão deixando recados, afixados no tronco, com a frase: "Rua com grande número de furtos. Não deixe pertences no carro".
As maiores ocorrências ocorrem à noite, quando, aproveitando a pouca luminosidade, já que a Rua Martinho Campos – dois quarteirões entre as ruas Oliveira e Ouro Fino – tem árvores frondosas, os ladrões agem com mais tranquilidade.
Residente há 30 anos na Rua Martinho Campos, a acupunturista Cynthia Ferreira disse que a situação preocupa. "Está muito difícil. Ontem mesmo (sexta-feira), por volta das 18h, houve o arrombamento de um carro, perto da Maternidade Neocenter (na esquina com Ouro Fino)", contou Cynthia.
Ao lado da acupunturista, o casal Armírio Duque e Vanessa Teixeira, morador de Montes Claros, na Região Norte de Minas, sofreu com a situação. "Viemos visitar os parentes e ficamos sem o estepe da caminhonete. Ela estava com cadeado e o serraram. Agora, deixo o veículo numa garagem e venho à casa dos parentes a pé", disse Armírio, que viu uma mulher colocando os avisos nas árvores.
Boa ideia
Entre os moradores, a ideia dos avisos é considerada bem-vinda. "Essa é uma rua aparentemente tranquila. As pessoas, que chegam de fora, especialmente para ir à maternidade, deixam bolsas e malas dentro do carro. Aí, os caras chegam 'do nada', quebram vidros, arrebentam porta-malas e destroem o porta-luvas ", disse um homem, preferiu não se identificar.
Também moradora da Martinho Campos, uma mulher contou que essa onda de arrombamentos "não é de hoje e ocorre a qualquer hora". Ela está preocupada porque "já tem gente rasgando os avisos de papel".
Com o semblante de felicidade pelo nascimento, neste sábado (3), da filha Gabriela, o administrador Sérgio André Cornélio, que já é pai de João Gabriel, disse que foi obrigado a deixar o carro na rua. "Tive que sair da maternidade por alguns minutos, e vi dois caras olhando para dentro do meu veículo. Quando me viram, foram embora", afirmou Sérgio André.
Para o administrador, os arrombadores aproveitam que os pais estão "na ansiedade e na correria", pelo nascimento dos filhos, e atacam. "O ideal seria haver um estacionamento, no hospital, ou uma base da Polícia Militar.
De forma solidária, o fiscal de uma padaria na Rua Ouro Fino disse que, sempre que vê alguém parando o carro, avisa para não deixar nada à vista no interior do veículo.
O Estado de Minas pediu um posicionamento à Polícia Militar, sobre o patrulhamento da região, e aguarda informações.