Atualizada às 17h31
Um grupo de motoristas de aplicativos de transporte – como Uber e 99Pop – prepara um protesto na manhã desta segunda-feira (9), em Belo Horizonte, para cobrar das empresas uma série de melhorias em relação à segurança dos condutores. Eles alegam que os aplicativos não proporcionam medidas que protejam os profissionais, que são vítimas recorrentes de assaltos na capital.
De acordo com o movimento “Se somos palhaços não tem graça”, organizado por motoristas de aplicativos, uma pesquisa feita por eles em junho deste ano com 2.500 condutores de BH mostrou que 30% deles já sofreu algum tipo de violência durante uma corrida pelo aplicativo.
“São números expressivos que comprovam a situação a que estamos sujeitos. São motoristas que foram assaltados e sofreram agressões físicas ou psicológicas dos criminsosos. As empresas não prestam qualquer auxílio aos profissionais”, ressalta Warley Leite, de 36 anos, organizador do protesto e motorista de apps há dois anos.
Segundo Leite, os motoristas querem que as empresas criem ferramentas para dificultar as ações dos criminosos. Uma das sugestões do grupo é que os apps comecem a solicitar um reconhecimento facial dos passageiros quando eles utilizarem o serviço.
“Nós motoristas quando fazemos o login na Uber temos que tirar uma foto (selfie) para comprovar que somos condutores. Sou a favor desses sistema, mas ele deveria ser utilizado também pelos passageiros. Assim o assaltante que cria uma conta fake só para roubar o motorista não vai poder mais pedir o carro”, comenta o motorista Antônio Ramos, de 53 anos.
Os motoristas dos apps estão reunidos na manhã desta segunda na Praça do Papa, no bairro Mangabeiras, na região Centro-Sul de BH. Eles farão por volta de 12h uma carreata até a porta do escritório da Uber, na avenida Getúlio Vargas, no bairro Funcionários.
Eles prometem fazer um buzinaço, mas garantem que não vão parar o trânsito pelo trajeto. Até o momento cerca de 30 motoristas participam do protesto.
Com a palavra, a Uber
“Sabemos que, infelizmente, a violência permeia a vida das nossas cidades e afeta cidadãos que querem apenas se deslocar e trabalhar.
De 2017 a 2018 o número total de viagens realizadas com a Uber no Brasil saltou de 500 milhões para mais de 1 bilhão. Só em Minas Gerais, são mais de 35 mil motoristas parceiros fazendo centenas de milhares de viagens por dia para atender mais de 1,5 milhão de usuários.
A despeito desse volume, segurança é uma prioridade para a Uber e mesmo um único incidente seria demais. Por isso, a Uber tem buscado sempre aprimorar sua tecnologia para fazer da plataforma a mais segura possível.
Recentemente, a empresa adotou no Brasil o recurso de machine learning, que usa a tecnologia para bloquear viagens consideradas mais arriscadas. Além disso, o aplicativo exige do usuário que quiser pagar somente em dinheiro que insira o CPF e data de nascimento para confirmar sua identificação antes de terem acesso ao aplicativo – dados que são conferidos com a base de dados do governo federal. Os demais usuários, que efetuam pagamento em cartão, já têm seus dados cadastrais fornecidos às instituições financeiras.
O motorista também pode compartilhar a localização, o trajeto e o tempo de chegada em tempo real com quem desejar. O aplicativo permite ainda que solicitações de viagens sejam canceladas por motoristas parceiros quando não se sentirem seguros – isso vale, por exemplo, para o caso de pagamentos em dinheiro. Além disso, o app pode impedir solicitações de viagens em áreas com desafios de segurança pública, em alguns dias e horários específicos.
Nenhuma viagem é anônima e todas são registradas por GPS. Isso permite que, em caso de necessidade, nossa equipe especializada possa dar suporte, sabendo quem foi o motorista parceiro e o usuário, seus históricos e o trajeto realizado.
Com relação à pesquisa e ao protesto organizados pelo sr. Werley Leite, a empresa esclarece que o mesmo não está mais apto a dirigir pelo aplicativo desde abril de 2017.
A empresa está sempre avaliando e estudando novas medidas que possam aprimorar a segurança, inclusive por meio da avaliação de sugestões apresentadas por seus motoristas parceiros.”
Com a palavra, a 99
“A 99 tem como política estar sempre aberta ao diálogo com os usuários, motoristas e passageiros. Respeitamos o direito à liberdade de expressão e manifestação dentro dos limites legais e da ordem pública.
A 99 é uma empresa genuinamente preocupada com a segurança de seus passageiros e motoristas. O assunto é prioridade máxima do aplicativo, e um de seus três pilares fundamentais (promover transporte rápido, econômico e seguro).
Para garantir que o serviço seja seguro, a 99 montou uma equipe especialmente dedicada a isso, composta por mais de 30 pessoas incluindo ex-militares, engenheiros de dados e até psicólogos. O time trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana, cuidando exclusivamente da proteção dos usuários.
Usamos tecnologia de ponta para focar especialmente em prevenção. Conheça algumas das funcionalidades desenvolvidas:
> A 99 possui inteligência artificial que monitora o perfil de todas as corridas em tempo real. O algoritmo verifica padrões de incidentes de segurança, bloqueando chamadas perigosas antes que elas aconteçam ou solicitando validações adicionais de identidade, caso necessário. Ou seja, o sistema identifica situações de risco e bloqueia o acesso à plataforma, prevendo incidentes.
> O aplicativo faz um mapeamento de áreas de risco e envia aos motoristas notificações sobre essas zonas. O levantamento envolve estatísticas internas da empresa e dados externos das Secretarias de Segurança Pública.
> A análise de perfil dos motoristas verifica o histórico público dos condutores, feito a partir de documentos como RG, CNH e licenciamento do veículo. Também possuímos uma parceria com Governo Federal, via Denatran, que permite acessar informações sobre se o carro é roubado ou se possui algum sinistro, por exemplo.
> O aplicativo ainda realiza rodadas de treinamento para condutores, em que apresenta um curso especial com dicas práticas de proteção e orientações de combate ao assédio, desrespeito e discriminação”.