As investigações para apurar as irregularidades cometidas na venda de sepulturas no Cemitério Bom Jesus da Cana Verde, em Araguari, ainda estão em andamento no Ministério Público Estadual (MPE). Mas novas denúncias têm sido feitas, como ocorreu na última sexta-feira (19), quando o então supervisor geral do local foi preso em flagrante por cobrar propina para realizar um sepultamento.
O ex-servidor Lucas da Silva Garcia Cardoso ocupava a função há aproximadamente um mês. De acordo com a secretária municipal de Administração, Thereza Christina Griep, assim que o município teve conhecimento do flagrante, foi determinada a exoneração. A Prefeitura tem contribuído com as autoridades para oferecer documentos e informações.
A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público fez a apreensão do celular e está apurando outras denúncias envolvendo o ex-servidor, que permanece preso no Presídio de Araguari.
Denúncias
Só de denúncias recebidas pela Prefeitura de Araguari de corrupção cometida na administração do cemitério, o Ministério Público já apura cerca de 30. As denúncias começaram a ser investigadas em 2016 e envolvem venda de sepulturas, reformas e outros serviços. Em uma delas, um túmulo chegou a ser vendido por cerca de R$ 60 mil.
O MPE ajuizou diversas ações envolvendo ex-servidores que ocupavam cargos no cemitério. Inclusive funcionários que ocupavam cargos na gestão anterior já respondem ação penal.
Devido à complexidade do esquema, a Promotoria local acionou equipes de Belo Horizonte para auxiliar na condução das investigações.
Falta de informatização e regularização
O Cemitério Bom Jesus é o mais antigo da cidade. A Promotoria estima que há mais de 200 mil pessoas enterradas e 800 túmulos abandonados. A principal suspeita é de que alguns servidores faziam a venda de sepulturas abandonadas clandestinamente para terceiros, sem informar a comercialização ao munícipio, que é o único responsável a fazer a concessão.
No entanto, quando um familiar comparecia ao cemitério para visitar o túmulo, constatava que outra pessoa estava enterrada no local. O esquema era favorecido pela falta de informatização dos registros.
Para minimizar o problema, em novembro do ano passado a Prefeitura iniciou a regularização das sepulturas do cemitério depois de ser recomendada pelo MPE. A secretária de Administração esclareceu que os trabalhos estão sendo finalizados e todo o recadastramento é feito em um banco virtual.
“Está tudo sendo alimentado dentro de um sistema para ficar um banco de dados para sempre para a cidade. Existem várias denúncias de muito tempo e estamos tomando providências para regularizar o máximo possível”, comentou Thereza Christina Griep.
A Secretaria de Obras prorrogou o prazo para que concessionários de sepulturas localizadas no cemitério peçam revalidação das sepulturas. O recadastramento termina no dia 5 de abril.
Ao fim do processo, os túmulos abandonados ou em situação irregular serão leiloados. “Com esses fatos recentes, todo o acervo que ficava no cemitério foi retirado e levado para a Secretaria de Obras. Também será feita mudança na rotina administrativa do cemitério para que esse tipo de situação não ocorra mais”, finalizou Griep.
Por Caroline Aleixo, G1