A grande maioria dos mineiros sabem o que é um “tilelê”. Um dicionário informal da internet aponta o termo como uma “espécie de hippie contemporâneo”, que geralmente gosta de astrologia, crenças alternativas e que usa roupas e acessórios que remetem à culturas africanas, orientais ou indígenas. Mas o que muitos não sabem é que a alcunha usada para o pessoal “alternativo” pode ter origem em uma canção composta pelo músico Flávio Henrique em parceria com Chico Amaral.
A música “Casa Aberta” já foi gravada por diversas pessoas diferentes, desde Milton Nascimento e Marina Machado até a própria banda de Flávio, “Cobra Coral”. Entretanto, foi na versão do percussionista Maurício Tizumba que a música, incrementada com os sons dos tambores, trouxe de forma repetida a palavra “tilelê”. A música, inclusive, é o tema de abertura do programa de mesmo nome da Rede Minas.
Em um texto publicado na rede social Medium, o pesquisador e jornalista belo-horizontino João Perdigão explica que, basicamente, os tilelês são o pessoal que gosta de ouvir som de batuque.
“Vamos para a etimologia; Em Belo Horizonte, durante os shows de Maurício Tizumba, em seu folguedo tambosêra anual que rola lá no Prado, um dos refrões alegres é “Tilelê-tilelê- tilelê- tilelê”. Geral fritou com a onomatopéia e logo os tilelê talvez nem gostem ser chamados assim. Pois a sonoridade de seus tambores carrega influências de Clube da Esquina e óbvio, dos batuques maracatuístas pré e pós Chico Science”, explica o jornalista.
Ouça a música:
Flávio Henrique morreu nesta quinta-feira (18) em decorrência da febre amarela. Ele estava internado no Hospital Mater Dei desde o dia 11 de janeiro.
De acordo com a nota divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), Flávio contraiu a doença em outro município da região metropolitana, que não teve o nome divulgado. Ainda, segundo a pasta, o paciente não tinha se vacinado contra a febre amarela.
Com a morte do músico, chega a 16 o número de mortes em Minas Gerais, a segunda registrada em Belo Horizonte. Ao todo, são 22 as confirmações da doença, sendo que outras 8 pessoas com a infecção confirmada pela febre amarela evoluíram para a cura e 46 casos ainda estão sob investigação.
O MÚSICO
Flávio Henrique era uma das figuras mais queridas de Belo Horizonte. Ele era compositor, produtor e instrumentista e tinha mais de 120 músicas gravadas. Integrante do quarteto Cobra Coral, ele já participou de parcerias com Milton Nascimento, Chico Amaral, Fernando Brant, Zeca Baleiro, Ronaldo Bastos, Vander Lee e Toninho Horta.
O músico também foi um dos pioneiros do Carnaval em Belo Horizonte, já que em 2012 ele escreveu a música “Na Coxinha da Madrasta”, primeiro hit da safra de marchinhas e que foi composta após reportagem de O TEMPO mostrar o gasto de Léo Burguês com a verba indenizatória na lanchonete da madrasta.