A cabeleireira Marina Mirtes, 51 anos, que ficou cega do olho direito e teve o rosto deformado após ser agredida a marteladas e a golpes de chave de fenda, prestou depoimento na quarta-feira (11) na Delegacia de Atendimento à Mulher de Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. Ela afirmou que está traumatizada. “Vivo com medo, olhando para trás. Nunca vou esquecer o que ele fez comigo”, relatou.
A cabeleireira contou que namorava com o suspeito há um ano. Neste período, ela já sofria agressões físicas e psicológicas do ex.
A vítima disse ainda que, após a agressão, continuou sendo ameaçada pelo homem. Segundo Marina, o ciúme excessivo foi o principal motivo para que o suspeito agisse com violência. “Ele era muito agressivo. Depois de me torturar, mandou mensagem me ameaçando. Tenho medo dele voltar para me matar”, afirma.
O crime aconteceu no dia 29 de setembro, mas a cabeleireira só denunciou o caso neste mês, por medo do ex-companheiro. Por conta da greve da Polícia Civil de Goiás, a filha de Marina procurou a 5ª DP de Brasília (Asa Norte) e registrou um boletim de ocorrência no último dia 2. A delegacia registrou o caso como lesão corporal, com base na Lei Maria da Penha, e encaminhou os autos para a delegacia de Luziânia.
Inicialmente, a vítima foi encaminhada para o Hospital Regional de Luziânia. Transferida em estado grave para Brasília, a cabeleireira ficou internada durante um mês e passou por duas cirurgias para reconstrução da face. Além disso, ela precisou fazer um enxerto no rosto, mas reclama de fortes dores. “Não consigo abrir a boca direito. Estou fazendo fisioterapia para conseguir”, relatou.
Após o depoimento da vítima, a Polícia Civil reúne outras provas e pretende ouvir testemunhas das agressões para poder localizar o suspeito, que está foragido. “Vamos agora tentar encontrá-lo para que ele possa ser ouvido e entendermos o que aconteceu. Depois disso, o procedimento será encaminhado ao Judiciário para que ele seja processado”, explicou a delegada Dilamar de Castro.
Para a polícia, não há dúvidas de que o suspeito tentou matar a cabeleireira. “Tenho a convicção de que ele deixou o local com a certeza de que tinha dado fim à vida da namorada”, destacou a delegada.
Se o crime for considerado como tentativa de homicídio, o homem, de 31 anos, pode ser condenado a mais de 20 anos de prisão.
Mais aliviada após denunciar o caso, Marina espera conseguir colocar próteses dentárias e torce para que o agressor seja preso. “Queria ajuda para colocar os meus dentes. Fiquei apenas com dois dentes na boca e não tenho dinheiro para me tratar”, afirmou.
Fonte: G1