CAROLINA CAETANO
Falta de respeito, intolerância religiosa, surto. Moradores de Belo Oriente, na região do Rio Doce, ainda tentam entender o que levou uma mulher de 48 anos a destruir a golpes de enxada uma imagem sacra na porta de uma igreja da cidade nessa terça-feira (24). Ela foi detida.
Militares deslocaram até o local e encontraram a suspeita ainda na porta com o instrumento nas mãos. Ela, que não resistiu à prisão, se recusou a dizer a motivação do crime.
“Todo mundo ficou assustado. Ela fez isso na frente de vários moradores e não se importou. Não sabemos por qual motivo ela fez essa barbaridade, mas nada justifica”, disse um morador, que pediu para não ter o nome divulgado.
Segundo a Polícia Civil, após o ato de vandalismo, a mulher foi encaminhada à delegacia da cidade, mas como estava sem condições de falar, por estar bastante exaltada e ficar repetindo frases sem nexo, ela foi liberada e voltou para a casa. A família irá levá-la a delegacia, quando ela melhorar.
Foi feito um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por se tratar de crime de menor potencial ofensiva e uma audiência foi agendada no fórum da cidade. A suspeita é que a mulher sofra de um distúrbio mental.
Mulher ‘conversou’ com imagem, diz padre.
A mulher chegou a perguntar para a imagem se ela não reagiria. A informação é do padre Luiz Carlos Macedo, que celebra missas na cidade há 20 anos.
“Estava na casa paroquial quando duas garis chegaram gritando e contando que tinha uma mulher destruindo a imagem. Acionei a polícia e fui para a porta da igreja, onde vários fiéis estavam chorando”, contou o sacerdote.
Macedo afirmou que nunca teve problemas com outras religiões na cidade. “A relação sempre foi tranquila. Fiz uma
representação contra ela na delegacia. A sociedade precisa ter uma resposta”, explicou. Ainda conforme o padre, a mulher estava exaltada.
“Ela cantava várias músicas da igreja que frequenta. Algumas pessoas me disseram que ela chegou a conversar com a imagem e pediu que ela reagisse. Muito descontrolada, ela foi levada para o quartel, acompanhada pela família”.
Restauração
Segundo o padre, a restauração da imagem, que mede mais de 2 metros de altura, começou nesta quarta-feira (25).
“Arcamos com o material e a mão de obra é voluntária. Ainda não sabemos quanto tempo vai durar o serviço. Um dos filhos da mulher quis arcar com os prejuízos. Não é questão financeira, o que queremos é respeito com todas as religiões”, finalizou o sacerdote.
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