Segundo polícia, suspeito teria tentado estuprar uma das crianças nesta terça.
Delegado disse que crime era cometido desde 1998, em Pinheiro (MA).
O caso foi descoberto após denúncia anônima feita durante uma passeata contra a pedofilia, na capital maranhense, há 15 dias. O pescador e a filha moravam em uma casa de dois cômodos, feita de barro e pedaços de madeira e coberta de palha. O imóvel fica no povoado de Experimento, uma região afastada do Centro de Pinheiro, a mais de 300 quilômetros de São Luís.
Segundo o delegado Jair Lima de Paiva Júnior, superintendente da Polícia Civil do Interior do Maranhão, nenhum dos sete filhos do pescador com a filha foi registrado em cartório ou tem documento de identidade. "Por isso fica difícil saber a idade exata de cada uma delas. Pelo levantamento inicial, todas nasceram na própria casa, nunca viram um hospital de perto e sequer frequentaram escola."
Júnior disse ainda que a mãe das crianças não sabe ler e escrever. "Segundo depoimento da jovem, o pai começou a praticar sexo com ela quando tinha cerca de 16 anos. Dessas relações nasceu o filho mais velho, que tem cerca de 12 anos. O casal ainda tem uma criança, de 2 meses."
Como vivia em cárcere privado, a mãe das crianças nunca trabalhou. "Ela vivia para cuidar dos filhos e não saía da casa. Agora, as crianças estão sob cuidados do Conselho Tutelar de Pinheiro, que está providenciando atendimento médico para todas elas", afirmou o delegado.
No momento da prisão do pescador, as crianças ainda não tinham se alimentado. "Algumas delas aparentam sinais de desnutrição e uma delas é portadora de deficiência auditiva. O afastamento delas da sociedade era tão grande que elas correram com medo quando os policiais chegaram de carro."
O pescador está detido na carceragem da Delegacia de Pinheiro, em cela separada dos demais, onde deve permanecer até a conclusão do inquérito policial, presidido pela delegada Adriana Meireles. "Inicialmente, ele será indiciados pelos crimes de estupro de vulnerável, abandono material, abandono intelectual, maus-tratos e cárcere privado."
A promotoria da Infância e da Juventude de Pinheiro foi informada sobre o caso. A primeira mulher do pescador, mãe da jovem, também foi ouvida pela delegada sobre o caso. "Ela nos informou que não tinha conhecimento da situação de sua filha com o pescador. Hoje, ela mora em São Luís com outro marido e filhos", disse o delegado.
Sobre a suspeita de que o pescador tivesse estuprado uma das crianças, de 6 anos, um exame preliminar feito por legistas de Pinheiro apontou lesões na genitália da menina. "Ainda não podemos confirmar a conjunção carnal, mas houve a tentativa", afirmou Júnior. A mãe das crianças está recebendo apoio de assistentes sociais.