Aline Roberta Fagundes, de 37 anos, tem dois filhos, de 8 anos e 14 anos, mas queria ter mais um, o primeiro com o namorado com quem se relacionava há dez meses. Para isso, fingiu uma gravidez por quase nove meses e disse que o parto estava marcado para esta quinta (7), às 14h30. Dois dias antes, porém, ela matou uma mulher grávida e fez uma “cesárea” nela para roubar o bebê, usando técnicas que aprendeu vendo vídeos no YouTube.
A dinâmica desse crime cruel foi apresentada na quarta-feira (6) pela Polícia Civil de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde tudo aconteceu. Gabrielle Barcelos Silva, de 18 anos, que estava grávida de 8 meses, foi encontrada morta na tarde de terça-feira (5), no bairro Residencial Monte Hebron, um conjunto de casas da cidade.
Tudo planejado
Ela e sua mãe moravam quase ao lado da casa de Aline. As duas não eram amigas, mas a suspeita disse à polícia que há meses observava a gravidez de Gabrielle. Na manhã de terça-feira, ela resolveu chamar a vítima até sua casa com a desculpa de doar umas roupas de bebê. No local, ofereceu suco e café com doses pesadas de um tranquilizante.
Gabrielle bebeu o café e perdeu a consciência. “Aline disse que matou a jovem por asfixia antes de fazer a cesárea. Mas o laudo apontou que a morte foi provocada por hemorragia aguda durante ou depois do parto”, disse o delegado Rafael Herrera.
O bebê é uma menina, que logo após o parto apresentou dificuldades de respirar. De acordo com as investigações, Aline ligou para o namorado e disse que o bebê tinha nascido. Todos foram para o hospital, onde médicos perceberam que Aline não tinha sinais de pós-parto.
O crime começou a ser desvendado quando o filho de 14 anos de Aline chegou da escola e encontrou a casa toda ensanguentada. Ele seguiu o rastro de sangue e achou o corpo em uma valeta no quintal. Aline teria confessado o crime e foi presa.
Flagrante
Aline Roberta Fagundes foi ouvida e autuada por homicídio qualificado, aborto e ocultação de cadáver. Ela foi encaminhada para o Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia.
Ação de namorado é apurada
Em depoimento à Polícia Civil, Aline Roberta Fagundes apresentou ao menos quatro versões para o crime. Em todas, porém, disse que o namorado sabia de tudo e tinha incentivado o assassinato e o roubo do bebê. No entanto, o delegado Rafael Herrera contou ter elementos para acreditar que o homem é inocente.
“Ele não estava no local do crime e acreditava que ela estava grávida, assim como a família dele e a família dela”, argumentou o delegado. Herrera salientou, porém, que as investigações continuam.
Em estado grave na UTI
Enquanto contava sobre o ‘nascimento’ da filha para o namorado, pelo telefone, Aline percebeu que ela não conseguia respirar. O homem, que chegou primeiro ao hospital, colocou a mulher em contato com um enfermeiro, que deu orientações de reanimação. O bebê foi internado e, até quarta-feira à noite, seguia em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva.
Relacionamento doentio
Aline Roberta Fagundes mantinha o relacionamento amoroso há dez meses. No início, ela teria mentido sobre um câncer para sensibilizar e segurar o namorado. Depois, disse que estava grávida de gêmeos e, durante a ‘gestação’, alegou ter perdido as crianças espontaneamente. Mas voltou atrás na mentira, e disse que só um dos bebês havia morrido.
Jovem é sepultada
O corpo de Gabrielle Barcelos Silva foi sepultado na quarta-feira. De acordo com a polícia, ela estava grávida de um rapaz de 16 anos e morava com familiares no Residencial Monte Hebron. Já a suspeita Aline Roberta Fagundes morava com os dois filhos. O mais novo, de 8 anos, tem problemas mentais. O namorado de Aline não tem filhos, segundo a polícia.