A educadora em saúde de Capinópolis, Marilane Vilela, realiza um importante trabalho de orientação à comunidade com referência à luta contra o mosquito da dengue. Ele recebeu nossa reportagem na manhã de segunda-feira, dia 16, quando falou com referência ao mutirão contra a dengue que terminou nesta semana em Capinópolis, tendo retirado cerca de 75 caminhões de entulhos e destruído mais de 300 focos do mosquito.
Ela começou falando dos objetivos do mutirão.
“Esse mutirão tem como objetivo a prevenção, porque elimina muitos objetos que poderiam servir de criadouros do Aedes aegypti, para você ver até o momento já foram 75 caminhões, sendo que ainda faltam alguns bairros para terminar, então é muito importante que se tenha no mínimo um mutirão por ano”.
Pergunta: E quantos focos foram eliminados até agora?
Marilane Vilela: Até sexta-feira (13), foram eliminados 299 focos.
Pergunta: Para se realizar o mutirão contra a dengue, quem marca não é a Secretaria Municipal de Saúde. É feito o Lira, que é o levantamento rápido. Em janeiro o Lira apontou que 8,3% das residências de Capinópolis continham foco do mosquito, quando então a GRS – Gerência Regional de Saúde determinou que fosse realizado o mutirão, por isso Capinópolis passou por essa faxina, e até agora 75 caminhões é muita coisa, com a ressalva de que o caminhão utilizado esse ano é menor em comparação ao tradicional, mesmo assim seria em torno de 50 caminhões, um número bastante alto, não é?
Marilane: Sim é alto. Em janeiro a gente realizou o Lira e no final o próprio sistema do Lira já fornece os tipos de ações que o município tem que realizar e o principal foi o mutirão de limpeza, então desde o início do ano a gente entra com ações preventivas, porque 75 caminhões, com 299 focos, imagina o tanto que não foi destruído? Já pensou se a população não vê isso e deixa gerar o Aedes aegypti?
Pergunta: Graças a Deus, pelas informações que a gente tem o vírus não está circulando muito. Até agora foram quantas notificações de dengue que nós já tivemos em Capinópolis?
Marilane: Até esse final de semana a gente está com 36 casos registrados, ou seja, que a pessoa passou pela rede pública e chegou até nós para realizarmos o bloqueio.
Pergunta: Portanto, pela quantidade de focos, graças a Deus o vírus não está circulando muito, mas como nós tivemos casos de dengue, o vírus está aí, a qualquer momento pode aumento o número de casos?
Marilane: Sim, porque a pessoa adquirindo o vírus, e como a gente tem o foco, então pode se dar uma transmissão rapidamente, mas como aqui a gente recebe as notificações no mesmo dia ou no mais tardar no outro dia o bloqueio já está sendo feito, então vai matar o mosquito adulto, ou seja, a gente está evitando novas transmissões.
Pergunta: Esse bloqueio é muito interessante, porque são cinco quarteirões em volta daquela casa que tem uma notificação de dengue, ou seja, todos os mosquitos adultos possivelmente serão eliminados, já que o fumacê não mata a larva que está ali, pois esse é um trabalho local focal, mas o mosquito adulto ele ataca. Temos que louvar o trabalho da secretaria de saúde e da Vigilância Epidemiológica que está atuando rapidamente, não é?
Marilane: Isso mesmo. Quando a gente recebe a notificação o nosso coordenador já pede para estarmos fazendo o bloqueio, e outra equipe vai fazendo o trabalho terrestre, que é olhar em volta onde a pessoa mora, que está com suspeita de dengue, vai fazer a visita, descobrir e destruir o foco.
Pergunta: Importante também o trabalho que vocês realizam paralelamente ao mutirão, outras ações foram realizadas. Você realizou na semana passada uma ação na Escola Branca de Neve?
Marilane: Eu estive visitando a Branca de Neve nos turnos matutino e vespertino, levando a Campanha de Prevenção, de combate ao Aedes aegypti, onde o aluno que levasse 30 itens que pudessem servir de criadouros, ele trocaria por uma squeeze, que é uma garrafinha. 60 itens, o aluno trocava por um kit de pintura. 90 itens ou mais, ganhava a squeeze mais o kit de pintura. E foi de grande valia, porque juntando os dois turnos, deu uma F-4000 (camioneta) só de coisas que poderiam servir de um possível criadouro, então eu só tenho a agradecer, porque as crianças, os pais e professores, todo mundo ajuda nessa campanha.
Pergunta: Vocês vão primeiro à escola, visitam as salas de aula, conversam com os alunos, explicam como será e depois voltam para recolher, correto?
Marilane: Correto. Na quarta-feira estive na Escola Branca de Neve, fui de sala em sala, e como eles são pequeninos eu conversei na língua deles, explicando o que poderia servir de um possível criadouro para o mosquitinho colocar os ovos, e levei um bilhetinho para cada um levar para casa explicando o que eles poderiam estar levando para a escola e no outro dia eu voltei lá, levei um convidado especial, o Aedes aegypti, que é uma colega nossa fantasiada de mosquito, onde também eles adoram o mosquitinho, claro que tem alguns que ficam com medo, porque a gente fala: Ó, cuidado com o mosquito! Não pode deixar ele nascer, ele transmite doença. Mas foi um trabalho excelente e eu fico grata, porque a escola toda se empenha.
Pergunta: E com certeza, principalmente a presença do boneco do mosquito Aedes aegypti e esse trabalho de vocês, que é complementado pelos professores e pela direção da escola, a criança pelo resto da vida não vai esquecer o que ela aprendeu ali.
Marilane: Não vai. E eu também presenciei uma criança que saiu da escola à tarde, a mãe foi buscar, e falando com a mãe: Mãe! O mosquitinho teve lá na escola, falou isso, isso. Então eles aprendem e passam para os pais sim, eles são nossos multiplicadores fundamentais no combate.
Pergunta: E com referência às borracharias, já que nós sabemos que são locais onde é possível a formação de muitos focos do mosquito Aedes aegypti?
Marilane: Na sexta-feira a equipe de mutirão de limpeza deu uma pausa e foi recolher das borracharias os pneus para serem levados para o Ecoponto que temos no município, que resultou num total de cinco caminhões de pneus que o pessoal retirou, uns até contendo água. Mais uma ação que o município realiza para combater o Aedes aegypti.
Pergunta: Em conversa com a secretária de saúde, Sandra Barbosa, e também com você, nós temos sempre falado isso aqui: infelizmente algumas pessoas parece que não acreditam e não entram na campanha. Estamos em período de redução das chuvas e vem a preocupação com a àgua dos animais, a água que junta dentro de casa, que são os locais em que o mosquito se prolifera. O que você tem a dizer a essas pessoas?
Marilane: Infelizmente tem um caso ou outro em que isso acontece. A criança mesmo fala para mim: Olha, meu pai, minha mãe não me deixou participar. Mas graças a Deus é um ou outro. A gente fica triste, porque tem que ser um trabalho em conjunto, a gente tem que incentivar as crianças a participar, e o adulto também tem que se conscientizar da importância que é um trabalho conjunto, porque não adianta a metade da cidade ajudar e a outra não. Isso é prevenção e só vai haver um resultado 100% se todos contribuírem. Finalizando, gostaria de agradecer a equipe de mutirão de limpeza, a equipe de ACE, e pedir para a população que com a estiagem das chuvas, que continuem olhando em casa, porque aí já não tem a chuva, mas tem os ralinhos que ficam com água, tem os bebedouros de água dos animais, que também têm que ter um trabalho bem minucioso.