Usuários que estejam dispostos a reduzir o gasto de energia no horário de pico do consumo -que ocorre, com alguma variação por Estado, de 17h a 21h- poderão gastar menos com a conta de luz.
Entra em vigor nesta segunda-feira (1º) a tarifa branca. O regime cobra três preços: o de pico ou na ponta, como se diz no jargão do setor (mais caro), intermediário e fora da ponta (mais barato). A adesão é opcional. O consumidor precisa formalizar junto à distribuidora que quer ficar no novo regime.
Os novos preços valem para quem tem consumo médio mensal superior a 500 kW/h (quilowatts-hora). Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), cerca de 4,5 milhões de unidades e 5% do mercado estão nessa faixa. O consumo médio residencial no Brasil é de 160 kW/h, diz a Abradee (associação das distribuidoras).
A meta é escalonar anualmente a abrangência do desconto até que chegue em 2020 aos que consomem menos.
Cada distribuidora definiu o valor do seu desconto. No caso da Eletropaulo, por exemplo, se o consumo no pico for zero, o desconto iria até 13%. O cenário de consumo zero não é factível, mas, com base no consumo típico de uma unidade da região Sudeste com esse perfil, a consultoria TR Soluções estima que apenas não ligar o ar-condicionado já geraria um alívio de 5% na fatura.
Especialistas alertam que se o consumidor não conseguir evitar o consumo no pico, a tarifa branca pode encarecer a conta. Nesse caso, é mais interessante permanecer na tarifa convencional. “É importante que as pessoas tenham consciência de como é o perfil de consumo em suas casas”, afirma Juliana Rios, gerente da CAS Tecnologia, empresa que desenvolve soluções para concessionárias.
Aplicativos gratuitos ajudam no mapeamento, como o Oráculuz, da TR, ou o Nossa Energia, desenvolvido pelo Instituto Akatu com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
“O consumidor precisa avaliar se o esforço para mudar seus hábitos compensa na redução final da fatura, que pode ser pequena”, afirma Paulo Steele, sócio-diretor da TR Soluções.
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ENTENDA COMO FUNCIONA A NOVA TARIFA
O que é a tarifa branca?
De adesão opcional, a modalidade cobra preços diferentes pela energia consumida dependendo da hora e do dia da semana
Qual é a proposta?
A nova tarifa tenta refletir o uso real das redes de distribuição, que têm períodos mais ou menos intensos, mas são dimensionadas para atender no pico. Quando o consumidor centraliza seu consumo fora desse período, não sobrecarrega a rede, favorecendo a eficiência energética das distribuidoras e a redução de custos
Como funciona a tarifa branca?
Nos dias úteis, o valor varia em três períodos: ponta (mais caro), intermediário (uma hora antes e uma depois da ponta) e fora de ponta (mais barato). Nos feriados nacionais e nos fins de semana, o valor é sempre fora de ponta
Quem pode aderir?
Consumidores da baixa tensão (residências, comércios e pequenas indústrias), exceto beneficiados pela Tarifa Social, de acordo com o cronograma:
A partir de 1º.jan.2018:
novas ligações e unidades que consomem mais de 500 kW/h em média por mês
A partir de 1º.jan.2019:
unidades que consomem mais de 250 kW/h em média por mês
A partir de 1º.jan.2020:
demais consumidores
Vale a pena?
Sim, para quem concentra seu consumo nos horários de pico, consegue deslocar grande parte desse uso para fora da ponta e é disciplinado no gerenciamento do uso de energia. Se não conseguir evitar o consumo na ponta, a tarifa branca pode resultar em uma conta mais cara
Como decidir se devo aderir?
Primeiro, descubra seu perfil de consumo ao longo do dia, comparando com os períodos de pico e intermediários. Monitore o acionamento de chuveiro elétrico, ar-condicionado e aquecedor –aparelhos que mais pesam no consumo. Aplicativos gratuitos ajudam na tarefa, como Nossa Energia e Oráculuz
Vou aderir. O que devo fazer?
A solicitação deve ser feita à distribuidora, que tem 30 dias para instalar um novo medidor. Novas ligações devem ser atendidas em cinco dias em área urbana e 10 na zona rural
Preciso pagar pelo medidor?
Não, nem pelo produto nem pela instalação, mas o consumidor terá que arcar com possíveis alterações no padrão de entrada
Posso desistir depois?
Sim, o consumidor pode retornar à tarifa convencional a qualquer momento, e a distribuidora tem 30 dias para efetuar a mudança. Após o retorno, nova adesão à tarifa branca só poderá ser feita após 180 dias
A tarifa branca altera as bandeiras tarifárias?
Não. As bandeiras (verde, amarela e vermelhas 1 e 2) indicam se haverá ou não acréscimo no valor da energia em função das condições de geração no país, não sendo uma escolha do consumidor
*início e fim são adiantados em 1h com o horário de versão, exceto para Bahia
Fontes: Aneel, Abradee, CAS e TR Soluções.
FolhaPress