Para coibir os ataques a bancos em Minas Gerais, não adianta a polícia agir durante o assalto, de acordo com especialistas. Como os bandidos usam armamento pesado e são muito organizados, um confronto geralmente leva a mortes e coloca a população em risco. Para estudiosos, o problema só poderá ser reduzido antes da ação acontecer, com serviço de inteligência e uma atuação articulada entre as várias forças de segurança dos respectivos Estados.
Mas o que tem sido feito atualmente, de acordo com declaração dada nessa terça-feira (5) pelo governador Fernando Pimentel, durante evento na capital, é “enxugar gelo”. Ele disse que a responsabilidade de combater esse tipo de ataque é da Polícia Federal (PF), já que a prática, segundo ele, é planejada pelo crime organizado fora das fronteiras do Brasil, com armamento pesado comprado no exterior.
“A Polícia Federal deveria estar mais empenhada, mas o crime não é preocupação de Brasília. Nós estamos fazendo a nossa parte e precisamos de mais apoio das autoridades federais para isso”, afirmou.
Em palestra na capital, o delegado da PF Bruno Calandrini disse que não é possível afirmar que as quadrilhas não são de Minas – inclusive, dos quatro presos nessa terça-feira (5), ao menos dois, com extensa ficha criminal, são do Estado, segundo a polícia. “A segurança pública é atribuição da União, dos Estados e dos municípios. Imputar somente à PF essa atribuição é má- fé”, disse o delegado.
Em setembro deste ano, o governo de Minas criou uma força-tarefa envolvendo as polícias Militar, Civil e Federal, representantes de bancos e da administração prisional para combater os assaltos às agências. A Polícia Civil não deu números, mas disse que está trabalhando para traçar ações.
Cerco. Um grande cerco foi montado nessa terça-feira (5) para a captura dos bandidos após os crimes em série. Mas, para a PM, as leis protegem os infratores, e falta segurança nos bancos. “Precisamos saber por que os bancos também não investem em segurança. Nas cidades menores, nosso comando geral tem investido nas patrulhas táticas, com policiais fortemente armados”, disse o chefe da Sala de Imprensa da PM, major Flávio Santiago.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse, em nota, que os bancos empenham grandes esforços “para contribuir com as autoridades no combate a esse problema de segurança pública”. (Com Aline Diniz)