Segundo a ONU, a população mundial chegará a 8,3 bilhões até 2030, com um aumento de 1 bilhão de pessoas em 13 anos. Entre os desafios impostos pelo aumento desenfreado da população está a elevada produção de lixo. De acordo com a revista científica Science Advances, mais de 13 bilhões de toneladas de entulho serão descartados em aterros ou no meio ambiente até 2050, se o ritmo de produção de lixo se mantiver nos padrões atuais. Uma amostra clara desse problema vem dos Estados Unidos. Cada americano produz cerca de 4 kg de resíduos por dia, segundo dados da EPA, agência americana ligada à proteção ambiental.
A reciclagem é uma alternativa para superar esse gargalo, apesar de caminhar a passos lentos. Mundo a fora, há vários exemplos de iniciativas que visam reaproveitar os materiais que são descartados. A Grécia recicla cerca de 10% dos seus resíduos, o Reino Unido pouco mais de 17% e a Áustria quase 60%. Recentemente, o Parlamento Europeu aprovou um projeto de lei que visa atingir uma taxa de reciclagem de 50% para o lixo doméstico e 70% para refugo de construção. A União Europeia produz anualmente 3 bilhões de toneladas de lixo.
Outro bom exemplo vem da Alemanha, que introduziu regras rigorosas por meio do programa Der Grune Punkt, que envolve empresas do setor privado e estatais e tem objetivo de tornar reciclável o lixo gerado pelo descarte de embalagens, reduzindo a quantidade de resíduos no país.
Mas qual é o cenário no Brasil? Segundo dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, do Ministério do Meio Ambiente, o país produz mais de 70 milhões de toneladas de lixo por ano, cada brasileiro é responsável por 1 quilo de lixo na média e 90% de tudo que é coletado pelas prefeituras brasileiras vão parar em lixões e aterros sanitários, o que representa uma perda de R$ 8 bilhões.
Você considera esses números negativos? Uma amostra que a realidade brasileira é ainda pior está no relatório da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), no qual aponta que 80% das cidades brasileiras não têm condições de manter programas regionais de gestão do lixo. O engajamento dos governos municipais, estaduais e, principalmente federal, é fundamental para introduzir de vez a cultura do reaproveitamento de resíduo sólido no país. Mas enquanto engatinhamos com políticas ineficientes, que não agregam resultados, a saída é contar com o auxílio da tecnologia.
As etiquetas RFID são dispositivos que utilizam a frequência de rádio para captura de dados e oferecem a melhor solução para gestores que buscam implementar gestão de lixo em seus municípios. Ao anexar uma Tag nos caminhões ou em containers, os leitores permitem a identificação dos mesmos, que aliados a outros dispositivos como balança eletrônica e um GPS, fornecendo um inventário de resíduos com informações sobre quantidade, peso, classificação do lixo e de posse desses dados, os gestores podem traçar um mapeamento bairro a bairro. O rastreamento do lixo permite otimizar a rota de caminhões para diminuir a incidência de concentração de veículos em bairros onde a produção é menor.
Mas ainda é possível ir além de saber a quantidade de veículos por bairro. Você já teve a sensação que a lixeira da sua rua foi retirada e ninguém sabe onde foi parar? Não raro, acontece de algum morador mudar a localização de uma lixeira para outro ponto sem autorização do município. E nesses casos, como controlar o fluxo do lixo em micro regiões? Com as Tags inseridas nas lixeiras, os gestores podem rastrear a movimentação do recipiente e não perder o controle do fluxo do lixo produzido naquela região.
As informações fornecidas pelas etiquetas vão fomentar estudos detalhados por região, viabilizando a implementação de programas mais efetivos de coletas de lixo. Mas o gerenciamento não permite apenas acelerar as taxas de reciclagem, uma vez que de posse das informações fornecidas pelas Tags, os municípios podem otimizar o seu investimento no reaproveitamento dos resíduos, mas também, eliminam métodos tradicionais de coleta manual de dados, que são caros, sujeitos a erros, além de evitar a proliferação de doenças que tem no colaborador que desenvolve a atividade a sua principal vítima.
Maior resistência e durabilidade
Definitivamente, não há gerenciamento de lixo eficaz se as etiquetas não resistirem às intempéries da natureza. Ainda bem que o mercado já dispõe de etiquetas que fornecem vários níveis de resistência à água, mudanças drásticas de temperatura (de – 20º C a 85º C), vibrações, choques e produtos químicos, nas frequências LF, HF e UHF, ideal para rotas de maior distancia. Outro benefício das etiquetas RFID é a fácil adaptação em containers e lixeiras de materiais diferentes. Há opções de Tags que apresentam performance resistente e confiável quando colocadas em lixeiras residenciais de plástico na mesma proporção das de metal. Além disso, possuem chips de alta frequência com memória de gravação de até 2048 bits.
O avanço tecnológico tem permitido o desenvolvimento de Tags mais resistentes para atender as exigências de rastreamento mais eficiente, independentemente das condições adversas de tempo. E a escolha certa de uma solução RFID trará um enorme impacto no sucesso da iniciativa de gerenciamento de resíduos e, como consequência, aumentar as taxas de reciclagem no Brasil.
Por Edson Yano, Gerente de Vendas da HID Global para América Latina