Desde que os combustíveis começaram a chegar nos postos de gasolina de Belo Horizonte e da região metropolitana, cidadãos formaram filas quilométricas e despontaram questões sobre prioridades.
Enquanto o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MG) disse que não existe prioridade nas filas de combustíveis para os consumidores finais – entre eles gestantes, pessoas com deficiência e idosos com idade igual ou superior a 60 anos -, policiais militares foram vistos abastecendo carros particulares com prioridade nos postos.
Um relato feito por um leitor de O TEMPO, na tarde desta quarta-feira (30), dava conta de que, no bairro Santa Efigênia, região Centro-Sul, em um posto próximo à avenida Brasil e ao 1° Batalhão da Polícia Militar, uma fila foi formada por agentes fardados com seus veículos particulares, paralela a feita pelos cidadãos comuns.
“Achei um absurdo porque a polícia é funcionária da sociedade e os policiais estão utilizando disso para benefício próprio para abastecimento de seus veículos particulares”, afirmou o leitor que preferiu não ser identificado temendo represálias.
Outros relatos também chegaram à redação e leitores afirmaram que a situação também se repetiu em postos da avenida Raja Gabáglia, do bairro Nacional, em Contagem e em Santa Luzia, ambas cidades da região metropolitana.
No caso dos postos da avenida Raja Gabáglia e de Santa Luzia, as denúncias dão conta de que militares inclusive entraram em filas prioritárias com carros de familiares e amigos para abastecer.
“Os policiais estão usando a prerrogativa de estarem de uniforme para encher o tanque de amigos, filhos e pais. E a gente não pode fazer nada, não em como chamar a polícia para a polícia”, contou outra leitora que também preferiu não se identificar.
Há também vídeo em que mostra confusão entre policiais e pessoas que estavam nas longas filas por gasolina. Veja!
A posição da PM
Procurado pela reportagem, o Major Flávio Santiago, chefe da sala de imprensa da Polícia Militar, informou que a prioridade para agentes em postos de gasolina não é uma política institucional, mas uma concessão dos donos de postos de gasolina.
“As pessoas da sociedade, os próprios donos de postos, priorizaram o abastecimento dos veículos dos militares porque percebem que esses agentes são importantes para continuar o atendimento”, afirma.
A posição de um posto
A atendente do Posto Pátrias, gerenciado pela Petrobras, localizado no bairro Santa Efigênia, disse que não houve casos de abastecimento prioritário para policiais militares no estabelecimento.
Outros postos da região e da avenida Raja Gabáglia, bem como o Sindicato dos Frentistas de Belo Horizonte e Região (Sinpospetro), não responderam às solicitações da reportagem.
Abastecimento em quartéis
Com a crise do desabastecimento, policiais militares tiveram prioridade para abastecer veículos particulares em postos da rede orgânica da PM.
“A polícia militar estabeleceu que em alguns postos em caráter precário da rede orgânica da PM os militares pudessem abastecer pagando o preço de mercado para o governo, foi uma concessão do governo, para os militares que imediatamente estivessem entrando em serviço. Isso para que nós não tivéssemos problemas com os efeitos do desabastecimento, até porque quem segurou o processo desde o início com a escoltas foi a Polícia Militar e se nós não tivéssemos estratégias para fazer com que os policiais chegassem, nós teríamos dificuldade para atender a sociedade”, explicou o Major Santiago.
(*) Sob supervisão de Natália Oliveira