O ônibus que se envolveu em um acidente na noite de terça-feira (13) deixando cinco mortos e 18 feridos no bairro Mangueiras, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, teria apresentado defeito no mesmo dia da tragédia, segundo denúncia feita nesta quarta-feira (14) por uma funcionária da empresa TransOeste, onde também trabalhava o motorista que morreu na batida.
Segundo a cobradora, que não quis ser identificada temendo represálias da empresa, o veículo estava fraco e com problemas no freio. “O carro estava fraco, sem força para subir, e com o freio mascando. Foi recolhido para a garagem no início da tarde, mas voltou para a rua com a mesma avaria. Tanto é que uma das feridas no acidente, que teve alta hoje (quarta-feira), confirmou inclusive que o motorista gritou que estava sem freio antes do acidente”, detalhou a mulher.
O motorista Márcio João de Carvalho, de 58 anos, morreu ainda no local do acidente. Além dele, também faleceram Naiara Dias Martins, de 30 anos, Deise Fátima Trindade, de 56, Maria do Carmo Pereira Santos, de 73, e Thais Soares Moraes, de 25 anos.
A colega do motorista conta ainda que o mesmo veículo, de prefixo 40215, se envolveu em outro acidente no Anel Rodoviário em abril de 2017. Na época, o coletivo saía da garagem quando não teria conseguido frear e acabou atingindo um caminhão que seguia pela marginal da rodovia. Uma cobradora ficou ferida na época.
“O seu Márcio era um homem íntegro, trabalhador. Inclusive já estava há cinco anos aposentado, mas continuava para complementar a renda. Ele até falava que em julho agora ia parar de uma vez, já que o salário não é tanto. Mas temos que lembrar que o motorista exercia a dupla função, ele também cobrava passagem, dava toda uma assistência que deveria ser dada pelo cobrador. Ele inclusive já tinha comentado que estava bastante cansado”, lembra a colega do motorista.
A funcionária da empresa lembrou ainda que, recentemente, um ônibus da linha 7110 (Riacho das Pedras A/Betânia), também sem cobrador, despencou na trincheira do Itaú, em Contagem, deixando dez pessoas feridas. “Desta vez foram vidas perdidas. Qual vai ser a providência desse pessoal? O ônibus passou por vistoria em outubro e em maio passaria por outra, mas a questão é que o veículo é velho e não passar por manutenção. Em pleno Carnaval, as ruas cheias, você colocar um motorista para trabalhar sozinho é um absurdo”, reclama.
Procurada, a TransOeste, responsável pelo ônibus que se envolveu no acidente, informou apenas que não irá se posicionar no momento, uma vez que toda a empresa está empenhada na solidariedade às vítimas.
O acidente
O ônibus da linha 305 (Estação Diamante/Mangueiras) perdeu o controle e desceu a rua em alta velocidade. Após bater no meio-fio, o veículo ‘decolou’ e acabou indo parar dentro do córrego Mangueiras, ficando com a frente escorada em um muro do outro lado do curso d’água, e a traseira dentro do leito. Ainda não se sabe qual foi a causa do acidente, mas suspeita-se de defeito mecânico ou que o motorista tenha sofrido um mal súbito.
Segundo o último boletim médico, divulgado às 22h de terça-feira pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), nove dos 18 feridos no acidente foram encaminhados para o Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII. Deles, três estão em estado grave.
As outras seis vítimas estão estáveis, ainda conforme a unidade de saúde, porém, cinco delas precisarão passar por procedimentos cirúrgicos. Entre os nove feridos levados para o HPS estão quatro homens e cinco mulheres com idades entre 14 e 32 anos.