O ônibus que passou por cima da cabeça de um passageiro, na noite dessa segunda-feira (29/5), dentro da estação São Gabriel, no bairro Primeiro de Maio, na Região Norte de Belo Horizonte, não poderia estar circulando. O uso do veículo 20465, que fazia a linha 814 (Estação São Gabriel/Jardim Vitória), foi proibido no dia 23 de maio deste ano.
A informação foi repassada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da BHTrans. Em nota, a administração municipal informou que a Autorização de Tráfego do carro foi emitida em janeiro e era válida até o dia 28 de junho. No entanto, por estar com a porta central desregulada, a permissão foi suspensa.
O atropelamento aconteceu durante o movimento de pico na Estação, por volta das 19h. Informações preliminares dão conta de que o homem foi atingido após descer do ônibus; o caso ainda vai ser investigado pela Polícia Civil. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Corpo de Bombeiros foram acionadas. A cabeça da vítima ficou presa embaixo da roda traseira do carro.
Em relação ao acidente, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-MG), lamentou o ocorrido e informou que o Samu e Bombeiros foram acionados pelo próprio motorista do ônibus, que também teve que receber atendimentos médicos. No entanto, na noite desta terça-feira, ao ser questionada sobre a regularidade do ônibus, a entidade afirmou que ainda não possui um pronunciamento da empresa responsável pelo veículo e que, assim que o tiver, vai repassar à imprensa.
Mais ônibus irregulares
Ainda nessa segunda-feira, dois ônibus da linha 5503A (Goiânia A) foram apreendidos e levados para o pátio do Detran, por estarem em má conservação. Os veículos foram flagrados pela BHTrans e Guarda Municipal com os pneus carecas. Eles pertencem ao consórcio BH Leste.
A apreensão aconteceu durante operação da Prefeitura de Belo Horizonte instaurada após uma onda de acidente envolvendo coletivos acontecer na capital. Em 58 dias, desde 1º de abril, foram registrados 15 acidentes envolvendo o transporte público, com 85 vítimas.
Desde então, a administração municipal tem intensificado a fiscalização de itens de segurança e licenciamento dos ônibus. Os veículos que não estão em condições adequadas de operação são autuados e têm as autorizações de tráfego recolhidas. Em alguns casos, são removidos para o pátio do Detran. Eles só podem voltar a operar depois da comprovação de que as irregularidades foram sanadas.
O usuário que quiser denunciar pode fazer pelo PBH APP, pelo WhatsApp da PBH: (31) 98472-5715 ou pelo site da PBH. É importante que os usuários indiquem o número da linha, o horário e, se possível, o número do veículo.
Sistema precário
Desde 23 de abril deste ano, a passagem dos ônibus de Belo Horizonte está R$ 6, a mais cara do país. Na última terça-feira (23/5), em nota enviada ao Estado de Minas, em relação a uma batida entre dois coletivos que deixou 17 feridos, sendo um em estado grave, na região Norte da capital, o Setra afirmou que as empresas que participam dos consórcios associados estão colapsando, com as contas no vermelho.
Isso porque, conforme a entidade que responde pelos empresários, o valor da tarifa estava congelado em R$ 4,50 desde 2018. Segundo o Setra, esse é o motivo dos veículos estarem em más condições. “O reequilíbrio econômico-financeiro do sistema de transporte público municipal é essencial para que diversas ações de melhoria dos serviços sejam implementadas, possibilitando a recuperação da demanda e retomada dos investimentos na renovação da frota."
Apesar disso, de julho de 2022 a abril deste ano, as empresas receberam um subsídio de R$ 243,4 milhões, pago pela Prefeitura de BH e pela Câmara Municipal de Vereadores. Agora, o poder público se prepara para aprovar outra parcela de dinheiro às concessionárias que prevê o repasse de mais R$ 512 milhões. A condição para o pagamento é que a tarifa volte aos R$ 4,50.
Nesta terça-feira (30/5), o presidente da CMBH, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), protocolou um requerimento para que a proposta, de autoria da prefeitura, tramite de forma conjunta em três comissões do Legislativo Municipal e possa ir mais rapidamente para votação em plenário.