Com galões de produtos inflamáveis e fogo, criminosos agiram, mais uma vez, queimando um ônibus em Belo Horizonte, nesta terça-feira (2). Esse foi o oitavo veículo incendiado na capital e região metropolitana nos últimos sete dias, o que acende um alerta sobre a facilidade que vândalos encontram para cometer esse tipo de ação sem que sejam identificados e presos. O ataque dessa terça-feira ocorreu no bairro Jardim Felicidade, na região Norte, no momento em que o veículo se preparava para sair do ponto final. Os bandidos deixaram um bilhete com o motorista, mas o conteúdo do recado não foi divulgado.
Encapuzados e armados, dois homens chegaram ao ponto, localizado na rua Fazenda Velha, por volta das 5h40. “Os indivíduos entraram no ônibus antes dos passageiros e ordenaram que o motorista pegasse os pertences dele e saísse do veículo. Em seguida, entregaram um bilhete e disseram que iriam atear fogo ao coletivo, o que foi feito. Não houve nenhuma agressão ou ameaça ao condutor ou aos usuários que aguardavam o embarque”, explicou o tenente Nelmar Moreira, do 13º Batalhão de Polícia Militar. O ônibus da linha 1505R (Conjunto Felicidade/Centro) foi totalmente destruído. Após o ato de vandalismo, a dupla teria fugido em uma motocicleta e não tinha sido localizada até o fechamento desta edição.
Ação semelhante. A forma de agir dos criminosos se parece com a do ato de vandalismo ocorrido em um bairro vizinho: o Goiânia, na região Nordeste da capital. No dia 27 de dezembro, pelo menos cinco homens em um carro de passeio e uma motocicleta interceptaram um coletivo da linha 5503B (Goiânia/Centro) na rua Maria do Nascimento Abreu. Na ocasião, o bilhete entregue ao condutor pelo grupo afirmava que o ato era uma resposta a supostos maus-tratos contra detentos do Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana da capital.
A quadrilha ainda ameaçava “incendiar a cidade” caso o Estado e o diretor da unidade prisional, Rodrigo Machado, não tomassem nenhuma providência.
Sem feridos
Vazios. Até agora, ninguém ficou ferido durante as ações dos bandidos. Antes de atear fogo, eles sempre mandam que passageiros, motoristas e cobradores desembarquem.
Capital teve 22 atos em 2017
O ano de 2017 teve 22 veículos queimados, o maior número de casos do tipo já registrado na capital, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH). Desde 2010, a cidade teve 65 casos de coletivos incendiados.
Ainda conforme o sindicato, um veículo queimado ou depredado deixa de atender, em média, 500 usuários por dia útil, além de deixar a linha com um carro a menos por cerca de 180 dias. O prejuízo para repor o coletivo é de cerca de R$ 400 mil.
Investigações. Desde que começou a série de ataques a coletivos, no dia 27 de dezembro, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) afirma que não é possível estabelecer relação entre os fatos ocorridos e o sistema prisional até que a Polícia Civil conclua as investigações. Após o ato desta terça-feira, a pasta manteve o posicionamento.
Em relação aos bilhetes que fazem referência à penitenciária Dutra Ladeira, a Seap garantiu que está adotando providências para auferir a veracidade dos conteúdos e destacou que todas as denúncias formalizadas são apuradas e tomadas as providências necessárias.
A Polícia Civil, por sua vez, informou que está investigando todos os casos, inclusive o de terça-feira, no entanto não pode passar detalhes para não atrapalhar as apurações.
Saiba mais
Fevereiro. O mês com maior número de ataques em 2017 foi fevereiro, com nove ônibus incendiados em cinco dias diferentes. Em dezembro, foram quatro ataques em dois dias.
Repetido. A linha 3503A (Santa Terezinha/São Gabriel) teve dois veículos atacados no ano passado: um em 20 de janeiro e outro em 16 de outubro.
Bairros. Os bairros Santa Cruz (janeiro e dezembro) e São Gabriel (fevereiro e outubro) tiveram dois ataques cada no ano.