reportagem de DIOGO MACHADO / UBERLÂNDIA
Vinte e duas pessoas suspeitas de estarem envolvidas em explosões de caixas eletrônicos, homicídios e tráfico de drogas em Uberlândia, região e outros Estados foram presas, na madrugada desta quarta-feira (11), durante a operação Gol de Placa, deflagrada pelas polícias Civil, Federal e Militar da 9ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp). Carlos Alberto Venâncio da Silva, conhecido como Beto, que está preso por homicídio em Francisco Sá, no noroeste de Minas, seria, segundo os levantamentos dos policiais, mandante da quadrilha presa, que é suspeita de comandar o tráfico de drogas na região do bairro São Jorge, zona sul de Uberlândia. Dois menores suspeitos de integrar o grupo também foram apreendidos e há, ainda, pelo menos, cinco pessoas foragidas. A ação envolveu 200 policiais dos órgãos de segurança pública local.
Segundo o delegado chefe da força tarefa das polícias, Eduardo Leal, Silva comandava de dentro da cadeia da cidade de Francisco Sá, no noroeste mineiro, todas as ações da quadrilha. Ele está preso devido a um mandado que o aponta como autor de um homicídio em Uberlândia. “Por intermédio de sua esposa, Beto passava as instruções dos crimes a serem cometidos pela quadrilha, inclusive os assassinatos e as explosões de caixas a serem cometidas.”
De acordo com Leal, a esposa de Silva é chefe operacional do grupo, que tem uma estrutura organizacional que envolve todos os suspeitos presos durante a operação. Silva tem extensa ficha criminal e teria ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), o que ainda não foi comprovado.
O delegado informou à reportagem do CORREIO de Uberlândia que a quadrilha atua na cidade há cerca de 10 anos e movimenta, por semana, aproximadamente R$ 50 mil com o tráfico de drogas na zona sul da cidade. “Tivemos informações de que o Beto seria um dos pioneiros neste tipo de crime no bairro São Jorge”, disse. Ao todo, a quadrilha movimentou, desde seu início, cerca de R$ 24 milhões.
Durante operação, um dos suspeitos foi baleado e morreu
Ao todo, 40 mandados de prisão e 37 de busca e apreensão foram cumpridos durante a Operação Gol de placa realizada nesta quarta-feira (11) pelas polícias Federal, Militar e Civil em Uberlândia. Um dos suspeitos reagiu à ação da polícia, foi baleado e morreu. Jeser Assuero de Paula Silva, de 23 anos, era procurado por participar de dois homicídios e por estar envolvido com tráfico de drogas.
Entre os crimes solucionados com a prisão da quadrilha, estão quatro explosões de caixas eletrônicos, em Campina Verde, Uberlândia, onde houve troca de tiros com a polícia, e em Nova Porterinha, no norte de Minas. Segundo o delegado chefe do 9º Departamento de Polícia Civil, Samuel Barreto, os suspeitos atuavam no Triângulo, Alto Paranaíba, região central do Estado e também em Estados vizinhos. Um dos menores apreendidos, suspeito de envolvimento com esta quadrilha, foi pego na cidade de Montes Claros.
As investigações, que duraram mais de seis meses, levaram à apreensão de carros, motos, munições e cinco armas de fogo em Uberlândia. “Está é a maior operação para desarticulação do tráfico e explosões de caixa eletrônico dos últimos anos na cidade”, afirmou o comandante da 9ª Região de Polícia Militar, coronel Volney Marques.
Grupo era administrado por suspeito de atirar em delegado e duas mulheres
A quadrilha presa durante a Operação Gol de placa das Polícias Civil, Militar e Federal, nesta quarta-feira (11), em Uberlândia, tinha um líder, que está preso em Francisco Sá, e, em Uberlândia, dois chefes operacionais, sendo um deles, suspeito de ter baleado o delegado da PC, Eduardo Leal, durante operação realizada em 2013. Diego Nunes da Silva, conhecido como Branquinho, foi preso no dia 23 do mês passado em Itumbiara (GO).
Duas mulheres, uma de 37 anos e outra de 29 anos, eram também chefe operacional e coordenadora do tráfico no bairro, respectivamente. Outros três jovens coordenavam a prática do crime na área. A quadrilha ainda era composta por cinco gerentes, um deles menor de idade, e sete suspeitos de comercializar as drogas. Dois destes são adolescentes e um está foragido. Associados ao grupo há, segundo Leal, um menor e outro jovem, investigados por homicídios. Outros quatro jovens são investigados por explosões de caixas eletrônicos.
Para o delegado chefe da Polícia Federal em Uberlândia, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, os ataques a bancos e os homicídios foram realizados para sustentar a prática do tráfico de drogas. “O que percebemos é que estas pessoas não são especializadas em explosões de caixas ou roubo a caminhonetes. Eles cometem estes outros crimes para financiar a comercialização da droga.”