Na manhã desta quinta-feira (08.Fev.24), a Polícia Federal desencadeou a Operação Tempus Veritatis, cumprindo mandados de busca e prisão contra ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro e militares supostamente envolvidos em uma tentativa de golpe para manter o ex-presidente no poder.
Entre os alvos dessas medidas encontram-se figuras proeminentes do governo anterior, incluindo o próprio ex-presidente Bolsonaro, que agora terá que entregar seu passaporte em 24 horas às autoridades. Vale ressaltar que Bolsonaro já foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques e desinformação sobre o sistema eleitoral, além de enfrentar outras investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) e permanecer inelegível até 2030.
Dentre os outros alvos destacam-se os ex-ministros Generais Augusto Heleno, Braga Netto e Anderson Torres, além de outros militares e Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido político de Bolsonaro.
A ação policial abrange quatro mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão, distribuídos em 10 estados e no Distrito Federal. Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, e Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais, estão entre os presos. Rafael Martins também foi alvo de mandado de prisão, enquanto Tércio Arnaud, assessor do ex-presidente, teve seu passaporte apreendido.
Além disso, a investigação mira militares como o General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e o General Estevam Cals Theophilo Gaspar Oliveira, que comandou a investida do Exército contra as urnas, entre outros.
A Operação Tempus Veritatis, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes do STF, está inserida no âmbito do inquérito das milícias digitais e visa desarticular uma organização criminosa que teria atuado em uma tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Segundo a PF, o grupo investigado se dividiu em núcleos para disseminar a ideia de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, visando legitimar uma intervenção militar, além de ter desenvolvido atos concretos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito.
Devido à natureza militar de alguns dos envolvidos, o Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados.
Esta operação ocorre em um contexto pós-governo Bolsonaro, marcado por tensões políticas e uma tentativa fracassada de seus apoiadores de invadir e depredar as sedes dos três Poderes em Brasília, ocorrida uma semana após a posse do presidente Lula, em 8 de janeiro de 2023.
Neste episódio, milhares de manifestantes vestidos de verde e amarelo vandalizaram áreas internas dos prédios, resultando em uma intervenção federal, centenas de prisões e uma série de investigações que levaram mais de 1.200 acusados à condição de réus no STF.