Uma organização criminosa liderada por um advogado foi desarticulada nesta quinta-feira (13) em Belo Horizonte. A operação foi comandada pela Polícia Civil (PC).
Segundo a PC, a organização teria faturado R$150 milhões em dois anos de operação. O crime consistia na abertura e fechamentos de empresas fantasmas em nomes de empresários que não sabiam do esquema.
No apartamento do advogado, no bairro Buritis, região Oeste de Belo Horizonte, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e prisão. No entanto, o homem saiu do imóvel e negocia para se entregar.
“Essa quadrilha age há dois anos em Minas Gerais e outros Estados. Eles tinham acesso a documentos de empresários e abriam empresas fantasmas, faziam empréstimo e semanas depois fechavam”, explicou o delegado Vinicius Dias, da Delegacia de Fraudes.
Ainda conforme o delegado, em uma fraude processual, eles causaram um prejuízo de R$ 16,5 milhões. Ao todo foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão na capital, Contagem, na região metropolitana e Pará de Minas. Um administrador e um auxiliar administrativo que também integravam o esquema e são parentes do advogado, além do líder do grupo, são alvos de mandados de prisão e estão foragidos.
Vida de luxo
A quadrilha tinha uma vida de luxo e esbanjava. Na correria para sair do apartamento, uma cobertura avaliada em R$ 2,5 milhões, o advogado deixou várias bebidas espalhadas, roupas e muita sujeira na área de lazer, que conta uma banheira de hidromassagem. O cachorro também foi deixado para trás.
“Eles vão responder por vários crimes como organização criminosa, estelionato e fraudes processuais. Somadas, as penas podem chegar a 25 anos de prisão”, detalhou o delegado.
Fraude processual de R$ 16,5 milhões
O grupo também cometeu fraudes processuais. Em um dos casos, uma fraude de aproximadamente R$ 16,5 milhões.
“A fraude nesse processo, eles criaram uma empresa falsa e uma falsa empresa executada, com vítimas que não estavam sabendo do esquema. Geralmente, essas pessoas tinham altos valores em contas correntes. E uma dessas vítimas tinha o valor de R$ 16,5 milhões. Nesse processo, a juíza percebeu que na execução, que deveria ter advogados diferentes, estava com os mesmos procuradores. Nesse momento ela desconfiou que o processo era uma fraude e começamos a investigar”, explicou o delegado.
O esquema:
Quadrilha, que pode ter pelo menos 15 integrantes, tinha acesso a documentos, como CNHs, de empresários do ramo de locação de veículos, prestadores se serviço e donos de construtoras. Três dos envolvidos seriam as “cabeças”, entre eles um advogado, um administrador e um auxiliar administrativo, que são parentes.
De posse dos documentos, abriam empresas fantasmas, sendo que um dos integrantes se colocava como proprietário em sociedade com as vítimas, que não sabiam do esquema.
Já com as empresas fantasmas, mas com sócios reais, a quadrilha fazia empréstimos em instituições financeiras, esperavam o dinheiro cair na conta da empresa falsa, depois transferiam a quantia para outras contas e repartiam entre os envolvidos no esquema. Logo depois, eles encerravam as atividades.
Durante dois anos, entre 25 e 30 empresas fantasmas foram criadas em Minas e em outros Estados como Rio de Janeiro, Pará, São Paulo e Mato Grosso.
Com o dinheiro dos golpes, o grupo ostentava uma vida de luxo com imóveis no bairro Buritis, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Pará de Minas, na região Central do Estado, onde só o paisagismo do jardim custou R$ 170 mil e tem quatro mil metros de área construída.