A mudança de estação já tem reflexos na paisagem de Belo Horizonte, transformando as águas em grande espelho do céu, a copa das árvores em moldura iluminada de cenas urbanas, o sopro do vento no adeus ao verão. Se traz uma luz dourada que faz muito bem à capital, na avaliação dos pintores, o outono significa uma transição para a estiagem, conforme os meteorologistas. A nova estação começou a segunda-feira, às 18h25, com previsão de chuva e temperaturas elevadas, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)/5º Distrito de Meteorologia. A previsão é de que a temperatura fique na faixa dos 30 graus, na capital.
Na Região Metropolitana de BH (RMBH), há chance de chover hoje, mas os meteorologistas informam que isso não significará um “refresco” na temperatura, pois não há massa de ar frio sobre o estado. Para quem gosta de frito, um aviso: o inverno começará em 21 de junho, às 11h58.
Quem passou pelo Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no Centro de BH, na manhã de ontem, pôde ver a exuberância da vegetação em contraste com o contorno dos prédios da Avenida Afonso Pena e o azul do céu. Aberto até as 21h, de terça-feira a domingo, o “oásis verde” está entre as novidades do programa municipal Centro de todo Mundo, para requalificação de áreas centrais da capital.
Para o artista plástico belo-horizontino Paulo Apgáua, o outono é uma época bonita, que deixa as cores limpas, quentes e puras, favorecendo o trabalho dos pintores. “Quando penso na luz outonal, no Sudeste do Brasil, na região do cerrado e em Belo Horizonte, lembro do céu muito azul. A chuva do verão vai ficando para trás dando espaço ao tempo mais seco, a vegetação muda de cor e isso influencia nosso trabalho, nos inspira”, afirma Apgáua. Ele destaca as maravilhas do pôr do Sol, nos tons alaranjado e avermelhado, imprimindo mais beleza à paisagem e inspirando os artistas. “Além disso, o outono traz os frutos, o que significa fecundidade”.
Transição “O outono é uma transição entre o período chuvoso e a estiagem. Temperaturas mais amenas só mesmo a partir de meados de abril. Mas já notamos um ventinho mais fresco à noite”, diz o especialista Claudemir Azevedo, do Inmet. Ele destaca que, com a ausência gradativa de chuva, há a queda na umidade relativa do ar, o que prejudica muito a população.
O verão teve grandes variações, com frio em dezembro, muita chuva em janeiro e altas temperaturas em fevereiro e neste mês. “Foi cheio de altos e baixos. A chuva começou no final de outubro, houve muita água acompanhada de frio. O pior mesmo foi esse calorão, com noites abafadas. Tomara que as águas de março regulem o tempo”, diz uma moradora do Bairro Jaraguá, na Região da Pampulha, em BH. Outro morador, desta vez do Bairro São Paulo, na Região Norte, fez uma constatação: “Gosto mais do inverno, mas ontem de manhã, não sei até se é psicológico, senti um ventinho mais frio, de manhã”.