Arrolado como testemunha de defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, declarou à Justiça Federal desconhecer qualquer ação de integrantes do primeiro escalão do governo para interferir na prisão do operador financeiro Lúcio Funaro ou para convencê-lo a não assinar acordo de delação premiada com a Justiça. Ele prestou depoimento por videoconferência na manhã de hoje (6) ao juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília.
“A mim, [a prisão de Funaro] não causou nenhum incômodo. E não tenho ciência de que tenha causado em mais alguém [do Palácio do Planalto]”, respondeu Padilha ao ser questionado pelo procurador Anselmo Lopes Cordeiro se a prisão do operador financeiro acusado de atuar como operador financeiro do PMDB causou algum mal-estar entre a equipe de governo.
O ministro disse que tomou conhecimento da prisão de Funaro pela imprensa e negou que o assunto tenha sido discutido em reuniões no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Michel Temer. Padilha também afirmou não ter conhecimento de que membros do governo ou Geddel tenham oferecido qualquer vantagem ou pressionado o operador financeiro para que ele não assinasse o acordo de delação premiada. “Eu não pedi e não tenho ciência de que ninguém [do governo] tenha pedido a ele que falasse com Lúcio Funaro”.
Depoimento de Geddel
Acusado de tentar obstruir a Justiça, por supostamente tentar atrapalhar as investigações das operações Cui Bono e Sépsis, o ex-ministro Geddel Vieira Lima também prestou depoimento ao juiz Vallisney de Oliveira. Segundo o MPF, Geddel atuou para constranger Funaro, telefonando por diversas vezes para a esposa do operador financeiro, Raquel Pitta. Para os procuradores da República, os telefonemas tinham o objetivo de constranger Funaro, de forma a convencê-lo a não se tornar um delator.
Geddel voltou a negar que tenha tentado amedrontar Funaro. Segundo ele, seus telefonemas eram para manifestar solidariedade à família do operador financeiro detido, para que não se sentissem isolados. “Falei algumas vezes com a senhora [Raquel]. Posso dizer que estes telefonemas amigáveis devem ter lhe feito bem”, comentou o ex-ministro, comparando a situação de Raquel Pitta à de sua própria família após ele próprio ter sido preso. “Amigos de longa data me lançaram ao degredo, ao Vale dos Leprosos”, queixou-se Geddel, que não respondeu às perguntas feitas pelos procuradores, por orientação da defesa.
O ex-ministro não soube precisar quantas vezes ligou para Raquel Pitta e negou ter oferecido qualquer tipo de ajuda financeira à família de Funaro. Além disso, Geddel garantiu jamais ter reportado o teor das conversas a membros do governo, “por se tratar de uma manifestação de solidariedade”.
A pedido dos procuradores responsáveis pelo caso, o juiz Vallisney de Oliveira concedeu cinco dias de prazo para o MPF apresentar, por escrito, suas alegações finais. Após receber a sustentação da acusação, a defesa terá cinco dias para se manifestar. Só então o juiz dará sua sentença.
Agência Brasil