A Polícia Civil de Sete Lagoas, na região Central de Minas, trabalha para resolver o mistério sobre a morte do jovem Rodrigo Fulgêncio de Freitas, de 27 anos, que foi encontrado morto na última terça-feira (10), enterrado em um matagal atrás de uma casa no bairro São Geraldo, onde funciona um terreiro de Candomblé.
Freitas era considerado desaparecido pela polícia desde do dia 10 de março. Na noite daquele dia, ele foi a um culto na Associação Espírita Cultural Ilê de Xangô e não deu mais notícias para a família, que procurou a corporação.
O principal suspeito do crime é Elson Dias Ribeiro, de 52 anos, mais conhecido na cidade como “Pai Hélcio”, responsável pela organização religiosa e candidato a vereador pelo PTdoB em 2016.
O pai de santo foi preso em flagrante na terça-feira por ocultação de cadáver assim que os policiais encontraram o corpo. As investigações apontam que ele também pode ser o mandante ou até mesmo o executor do crime.
De acordo com uma fonte da Polícia Civil, o suspeito disse à delegada responsável pelo caso que é homossexual e estava apaixonado pela vítima que, segundo ele, não correspondia. Ribeiro ainda negou envolvimento na morte de Freitas.
Dois adolescentes, um de 15 anos e outro de 16, foram apreendidos no mesmo dia. O menor de 15 foi quem contou aos policiais onde estava o corpo de Rodrigo. Ele foi à delegacia de Sete Lagoas na terça, acompanhado do advogado do pai de santo, e disse aos policiais que matou Freitas a pauladas na madrugada do dia 11 de março. Ainda conforme o relato do menino, ele pagou R$ 50 ao colega de 16 para ajudá-lo a enterrar o corpo no matagal atrás da residência.
Os meninos moravam na casa do pai de santo e um deles afirmou que mantinha relações sexuais com o suspeito. A Polícia Civil confirmou, inclusive, que Ribeiro já era investigado antes da prisão por aliciamento de menores. Os detalhes desse caso, entretanto, não foram revelados.
A Polícia Civil trabalha agora para descobrir se o pai de santo foi quem realmente matou Freitas e mandou o adolescente de 15 anos assumir o crime. A corporação também considera a hipótese de que Ribeiro agiu como mandante.
Uma fonte da polícia ressaltou que outros suspeitos não foram descartados, pois a polícia investiga se houve a participação no assassinato de outras pessoas que frequentavam o terreiro de Candomblé.
A reportagem da Super Notícia tentou contato ontem com a Associação Espírita Cultual Ilê de Xangô, por telefone, pelos números que constam na página na internet da organização religiosa. As chamadas não foram atendidas.
O pai de santo está detido em um presídio de Sete Lagoas e os menores foram liberados até a conclusão do inquérito.
Entrevista com a tia de Rodrigo
Como seu sobrinho conheceu o “Pai Hélcio”?
“O Rodrigo estava desempregado, separado há uns seis meses e morando sozinho no bairro São Geraldo. Nessa situação, ele ficou meio perdido e entrou na bebida. Foi então que ele encontrou e fez amizade com o pai de santo. O ‘Pai Hélcio’ prometeu a ele que mudaria a vida dele e daria um emprego. Mas nessa amizade veio acontecer essa tragédia”.
Assim que o Rodrigo desapareceu, vocês procuraram o pai de santo?
“Demorou um pouco. A família ficou desorientada, correndo atrás de vizinhos e o pessoal do bairro, mas ninguém dava notícia. Investigamos e descobrimos que ele foi visto pela última vez na casa do pai de santo. Chegando lá, o ‘Pai Hélcio’ negou que conhecia Rodrigo, mas vimos uma foto que estavam os dois juntos, não tinha mais como ele negar essa relação de amizade”.
A família acredita que o Rodrigo tenha sido vítima de um crime passional?
“Eu ouvi falar mesmo que o pai de santo é homossexual. Mas a gente não sabe de verdade a história. Não conhecíamos o ‘Pai Hélcio’ então não podemos afirmar o que estava acontecendo”.
O que vocês esperam da investigação?
“A gente espera Justiça. Foi uma crueldade a forma como aconteceu. Foi um ato de muita crueldade. O Rodrigo era uma pessoa boa demais, muito carinhosa. Deixou duas crianças, uma de um ano e outra de sete que não param de perguntar por ele”.