Pais de alunos que estudam em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, protestaram na manhã desta terça-feira (11/4), para pedir reforço na segurança das escolas. O ato foi realizado em frente à prefeitura municipal e terminou em uma reunião entre o vice-prefeito da cidade, Ricardo Faria, e representantes dos manifestantes e da Guarda Municipal.
Os pais pedem medidas preventivas em meio aos recentes ataques às escolas em São Paulo e Santa Catarina, além de outros que ocorreram no Brasil, nos últimos meses.
No local, o grupo de manifestantes, que vestia branco e carregava balões e cartazes, gritou por mais segurança e pediu a presença da prefeita de Contagem, Marília Campos (PT).
Uma das organizadoras do protesto e mãe de alunas do munícipio, a esteticista Tábata de Assis, de 32 anos, contou que o movimento é por todas as escolas. Ela lembrou o ataque a uma escola durante a madrugada, onde símbolos referentes ao nazismo e ataques preconceituosos foram deixados no local.
Reivindicação dos pais
Segundo Tábata, há um grupo com mais 600 pessoas que estão se organizando para cobrar do poder público mais segurança nas escolas. “A gente vê que na porta da prefeitura tem um guarda municipal fixo, protegendo eles, e nós não temos isso na escola dos nossos filhos. A única coisa que a gente pede é essa guarda por tempo integral”.
“Foi dito que teria vários patrulhamentos novos visitando as escolas, mas não queremos visitas. Queremos segurança fixa, porque essas tragédias não têm dia nem hora para acontecer. Vai esperar acontecer? Não pretendemos parar. Isso aqui é um primeiro passo”, ressaltou a esteticista.
Joana Muniz, 39 anos, é dona de casa e reforçou o coro de Tábata. Segundo ela, alguns estados já estão tomando medidas de reforço da segurança nas escolas. “Eu vim aqui porque quero ação. Palavras estão rolando, mas ação não teve nenhuma efetiva. Isso não é imaginação de ninguém, a gente está vendo que está acontecendo de verdade (tragédias). Queremos que a Guarda Municipal não seja só um controle de trânsito. A gente quer uma ação efetiva deles, de dentro das escolas, protegendo as crianças”.
Edinho Freire, gerente administrativo de 42 anos, também pediu a presença de guardas nos locais. “A Guarda Municipal foi criada para isso, para dar segurança às escolas, mas desviaram um pouquinho a função da Guarda e, infelizmente, as escolas estão desamparadas. As pessoas se sentiriam mais seguras, traria mais respeito e credibilidade”.
Famílias assustadas
Natália dos Santos, 33 anos, manicure, reforçou o coro por segurança. “Viemos pedir segurança não só para cada escola, mas para todas. As mães estão aqui, em protesto, para isso”.
Renata Braga, 46 anos, motorista de aplicativo se disse assustada com a quantidade de ameaças de massacres em escolas pelo Brasil. “Nós estamos aqui pedindo segurança para a nossa prefeita, para evitar de acontecer (atentados) em Minas Gerais também. Nós precisamos, junto com a comunidade escolar, fazer algo antes que aconteça algo pior”.
O restante da comunidade escolar, como alunos, professores, direção e funcionários das escolas não participam do ato, em razão deste ser um dia letivo. Apesar disso, Renata ressaltou a importância da presença das escolas nos atos.
“Nós precisamos do apoio da escola para fazer, junto deles, paralisações na frente da prefeitura, como estamos aqui, pedindo providências. Que a Guarda Municipal esteja nas escolas o ano todo, que a Polícia Militar passe nas escolas, averigue suspeitos. Tem que tomar providências antes que aconteça algo pior”.
Guarda fixa nas escolas não deve ser adotada
Ainda na manhã desta terça-feira, o vice-prefeito de Contagem, Ricardo Faria (MDB), recebeu os pais presentes no ato, juntamente com representantes da Guarda Municipal. A prefeita do município, Marília Campos, está de férias.
Apesar da principal reivindicação dos familiares de alunos ser a presença de guardas municipais em tempo integral nas escolas, Ricardo Faria indicou que isso não deve acontecer. “A gente tem um efetivo reduzido. Se eu for dizer que a gente vai conseguir… eu acho que a gente precisa reforçar essa cultura de paz com a comunidade escolar, a escola cada vez mais próxima dos pais”.
Ele afirmou, ainda, que há ações em andamento para reforço das escolas em Contagem. “Nós criamos um grupo de trabalho focado em garantir a segurança dos nossos alunos. O controle de entrada e saída dos alunos na escolas foi reforçado através da nossa empresa contratada, a nossa Guarda Civil tem trabalhado em parceria com a Polícia Militar, com a Polícia Civil, monitorando possíveis casos (de atentados)”.
Segundo o vice-prefeito, serão instaladas 3.200 câmeras de segurança, sendo mil delas para atender a rede escolar em Contagem. Segundo Faria, 126 escolas receberão as câmeras, sendo que 31 delas já receberam o sistema. “Sobre as câmeras de videomonitoramento, a gente conclui o processo em agosto. Todas as câmeras instaladas e monitoramento acontecendo através de uma central compartilhada com a Guarda Municipal e Polícia Militar”.
Ricardo ressaltou, ainda, que é preciso tomar cuidado com as fake news que estão se espalhando em relação aos possíveis massacres. De acordo com o vice-prefeito de Contagem, é preciso combater a desinformação.
Procurada pela reportagem do Estado de Minas, a prefeitura de Contagem informou que agendou reunião para esta quarta-feira (12/4), às 9h, com as forças de Defesa Social, sendo elas a Guarda Civil Municipal, a Polícia Militar, a Polícia Civil e o Ministério Público, para discutir e alinhar medidas de maior segurança nas unidades escolares do município.
“A Prefeitura de Contagem e a Guarda Civil de Contagem mantêm o monitoramento constante de todas as unidades da rede municipal de ensino para combater ameaças de violência contra escolas de Contagem. Ainda, mantendo o diálogo e a escuta à comunidade, a Prefeitura e a Secretaria de Educação estão em permanente contato com as escolas com ações e projetos que visam um ambiente mais seguro para a comunidade escolar”, disse, em nota, a administração do município.