UBERABA, TRIÂNGULO MINEIRO -Nariz vermelho, peruca colorida, pinturas no rosto e um sorriso de orelha a orelha. Assim é que o palhaço “Xeroso”, como tantos outros, se veste para trabalhar, há 18 anos, quando não está em seu consultório de psicologia. “Xeroso” preferiu manter a sua identidade preservada para não acabar com a magia do mistério para as crianças.
Após a agressão sofrida pelo colega Thiago “Sorrisão”, no último dia 14, “Xeroso” é a vítima, só que, desta vez, virtualmente. Na noite de domingo (23), o homem do nariz vermelho entrou em suas redes sociais e foi surpreendido por uma mensagem de um “amigo” virtual. “Fui vítima de uma calúnia. Essa pessoa me mandou uma mensagem dizendo que eu sou assassino. Agora, que liberdade e direito ela tem de dizer para outra pessoa que ela é assassina? Qual o erro cometi ao pintar o rosto e levar a felicidade aos que já não encontram motivos para sorrir?”, questiona o palhaço.
O fato foi registrado na Polícia Militar. “Xeroso” garante que irá dar continuidade nas medidas necessárias para apurar e defender a classe dos palhaços. “Acredito que essa seja uma brincadeira de muito mau gosto, além de ser um desrespeito muito grande. Na minha concepção, está faltando infância, brincadeiras e resgatarmos os nossos princípios”, afirma o profissional, relembrando o caso de palhaços nos Estados Unidos e na Europa e, agora, relatos no Brasil.
Apesar disso, o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Waldimir Ferreira, disse à reportagem do Jornal da Manhã que este foi o primeiro caso que aconteceu em Uberaba. “Nós identificamos que, na prática, na rua, eles não estão indo. Então, a situação fica muito nos meios virtuais, que foi este o caso da ameaça. Não tivemos nenhum registro com relação a esse tipo de brincadeira, isso ainda não é caso comum em Minas Gerais”, explica Waldimir Ferreira.
Brincadeira perigosa. Palhaço “Xeroso” analisa que, nos tempos atuais, as crianças têm brincado com coisas perigosas, como passar medos nos outros, praticar tortura. Situações que, antigamente, eram apenas lendas. “Usar de um personagem limpo, saudável, humano, que é o personagem do palhaço, que qualquer pessoa pode vestir e se fantasiar para fazer essa crueldade, essa maldade. Onde é que vamos parar com isso?”, indaga o profissional.
Orientações. Para Waldimir Ferreira, essa brincadeira de mau gosto já apresentou diversos desfechos trágicos. Por isso, o comandante reforça a necessidade de acionar as autoridades em qualquer situação como esta. “Precisamos estar atentos a esta situação, principalmente nessa questão de orientação. Assim como o ‘Xeroso’ fez, mostrar o caso dele, que é uma profissão que ele exerce, e buscar a proteção das autoridades”, conclui.
Fonte: JM