Um documento redigido em 1968 pelos advogados da primeira mulher do músico John Lennon, Cynthia, que permanecia oculto até agora, apresenta o ex-Beatle como um pai agressivo que consumia drogas e traía a mulher. O texto de cinco páginas, divulgado neste sábado por uma casa de leilões britânica, é baseado no testemunho de Dorothy Jarlett, a empregada da casa que convivia com a família do músico quando começou o processo de divórcio entre Lennon e Cynthia. Jarlett relatou aos advogados que John abusava cada vez mais das drogas, sofria mudanças de humor repentinas e repreendia com agressividade seu filho Julian, que tinha na época cinco anos. O documento detalhou ainda como Jarlett se encontrou o músico na cama com Yoko Ono quando Cynthia estava viajando.
A empregada fez essa declaração no escritório de advogados londrino “Herbert Oppenheimer, Nathan and Vandyk”, que remeteu a ela uma minuta do texto que conservou até sua morte, ano passado.
Antes que um juiz ditasse uma sentença de divórcio, o casal chegou a um acordo pelo qual o músico se comprometeu a pagar 100 mil libras a Cynthia e deu a ela a custódia de Julian.
“Até o verão de 1967 pensava que o casal era razoavelmente feliz. Há um ano o senhor Lennon não parece tão disposto como antes a levar a senhora Lennon a diversas atuações, gravações no estúdio, etcetera”, narrou Jarlett no documento.
“A atmosfera parece que mudou, parece que há mais tensão. A senhora Lennon está com frequência deprimida e infeliz”, detalhou a empregada, que trabalhou durante quatro anos para a família.
Jarlett afirmou que as mudanças no lar dos Lennon começaram “alguns meses depois de ele começar a consumir drogas”.
“Sei disso porque comecei a encontrar droga em diversas partes da casa. Era claro para mim que o senhor Lennon fumava maconha. Todos esperávamos que fosse uma fase”, continuou no depoimento, que sairá a leilão em 24 de março por um valor estimado de cinco mil libras (cerca de R$ 22 mil) na casa de leilões Ômega Auctions, em Cheshire, no oeste da Inglaterra.