Parentes, amigos e diversas personalidades da cultura de Minas Gerais dão o último adeus para o músico, produtor e compositor Flávio Henrique Alves de Oliveira, que está sendo velado na Sala Minas Gerais, no Barro Preto, na região Centro-Sul da capital. Após uma semana internado em Belo Horizonte, com amigos e familiares na torcida e em campanha para doação de sangue, o músico, de 49 anos, morreu nesta quinta-feira (18) por complicações da febre amarela. Flávio deixou esposa e uma filha.
O secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais, Ângelo Oswaldo, lamentou o falecimento do artista e destacou o talento de Flávio Henrique como músico e também como gestor. “É uma verdadeira tragédia não só para a secretaria da cultura, mas é um abalo profundo para os meios culturais de Minas e do país. Estive com Flávio na última quinta-feira, durante uma gravação na Rede Minas. É inacreditável.O Flávio Henrique já era um grande músico, um talento no campo da composição e se revelou também um grande gestor público de grande competência, mostrou a sua capacidade de conduzir uma missão muito difícil que foi atribuída a ele pelo governador no quadro da cultura do estado. Ele demarcou um caminho com ética”, afirmou.
O músico e compositor, Chico Amaral não poupou elogios, e disse que o músico estava em uma boa fase na carreira profissional. Chico Amaral contou que a parceria entre eles nasceu depois de Flávio procurá-lo. “Mudei muito a minha forma de compor depois de vê-lo compor . Ele tinha essa alegria de compor, de chamar a pessoa, fazer um projeto com fulano, ciclano. Estava em um belíssimo momento “, relembrou.
Outra caracterizava marcante do músico era a capacidade de transitar entre diversas gerações, segundo o músico Célio Balona. “O Flávio sempre esteve 50 quilômetros na frente. Ele lidava maravilhosamente com todos da minha geração”, destacou.
O amigo e parceiro musical Vitor Santana falou em nome da família, que preferiu não dar entrevistas. Santana, amigo há 16 anos do músico, contou que passou o Ano Novo com Flávio na casa nova dele, em Brumadinho, local onde foi infectado pela doença, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).”Foi um choque. Ele estava em um novo casamento e vários projetos. Havia 40 dias que ele tinha comprado a casa. Era a casa dos sonhos, com um grande piano. Já estávamos com plano de gravar discos ali. Ele foi vítima de um processo brutal de descaso de saúde pública, um negócio do século XIX. Ele não tinha uma doença. Foi uma fatalidade. O Flávio era uma pessoa muito leve, muito alegre. Para ele, a mensagem que fica é de ‘positividade’ e de ‘criatividade'”, lamentou.
Quem também foi prestar as últimas homenagens ao músico foi Flávio Renegado. “Fica o sentimento de tristeza. Em pleno século 21 você ter febre amarela matando as pessoas. É inconcebível. Trabalhamos juntos há quatro anos. Gostaria de ter tido tempo de ter feito outros trabalhos com ele”, desabafou.
Flávio Henrique foi a segunda vítima de febre amarela na capital mineira neste ano. Em Minas Gerais, já são 24 casos confirmados e 17 mortes nesses primeiros dias de 2018. A cidade de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, divulgou, no fim da tarde desta quinta-feira (18), a morte de um morador da cidade, de 46 anos. Com esse caso, agora são seis mortes no município, que tem o maior número de notificações.
Sepultamento
De acordo com a Secretaria de Estado de Cultura, o velório vai acontecer até à meia-noite. Ele retornará às 8h de sexta-feira (19) e será encerrado às 10h, quando o corpo do músico seguirá para sepultamento no Cemitério Parque da Colina. O enterro, porém, será restrito a familiares e amigos.